E, assim, Daniel e Alexandre apresentaram, por exemplo, um carabineiro com tangerina e anémonas, uma cavala com beringela e pickle de nozes verdes, uma ostra com couve e alcachofras, um tártaro de vaca com lingueirão e shiso, um caldo de sapateira com capuchinhas e funcho, raia com raiz de aipo fumada e alga vermelha ou uma língua de vaca com sementes de mostarda e salsa.
Combinações improváveis, um número reduzido de elementos, uma presença assumida da acidez (“a Escandinávia é a minha segunda casa”, tinha dito Daniel, para explicar porque é que o Luksus foi sempre etiquetado como um restaurante nórdico). O prato mais arriscado, por ser o oposto de uma ideia de comida de conforto — e por isso mesmo foi o menos consensual — juntava cebolas jovens, pickles chanterelle e ouriços-do-mar.
Entre os momentos altos, e como sempre acontece no Loco, estiveram o pão, que veio com as várias manteigas que o acompanham habitualmente, e o molho de bife, e que era feito com gordura de pato fumada.
A refeição terminou com duas sobremesas muito bem conseguidas. A primeira, do chef pasteleiro Carlos Fernandes, era um pomelo confitado com um puré das peles do fruto, um sorbet de tangerina e yuzu e uma areia de especiarias. A segunda era de Daniel e quebrava mais uma vez as tais fronteiras entre o que são ingredientes de prato principal e de sobremesa: cenoura, beterraba e gelado de iogurte com um suspiro de vinagre.