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Lisboa: Pastelaria Alcôa já mora na Casa da Sorte

Por Mara Gonçalves

Os doces conventuais e os pastéis de nata da icónica confeitaria de Alcobaça chegam finalmente ao Chiado, em Lisboa. Dois anos de obras depois, a emblemática Casa da Sorte abriu como pastelaria.

A espera foi longa. Desde 2015 que se sabia que a pastelaria de Alcobaça iria ocupar o emblemático edifício da Casa da Sorte, no Chiado. Mas o facto de o espaço ser considerado património histórico municipal – com projecto arquitectónico de Conceição e Silva e painéis de azulejos de Querubim Lapa – foi atrasando as obras de recuperação da loja e adaptação a pastelaria.

Dois anos de trabalhos depois, a Alcôa abriu finalmente portas na esquina entre a Rua Garret e a Rua Ivens, em Lisboa. Os azulejos continuam a colorir a fachada de azul e branco, mas lá dentro as cautelas e as raspadinhas deram lugar aos tons quentes do cobre e a muitos, muitos doces conventuais.

Bouquets de cornucópias douradas, “bolos” de andares compostos por dezenas de rolos de divina gula, tabuleiros de pastéis de nata, mimos de freira, torrão real, pudim de São Bernardo, queijinhos do céu, ovos do paraíso, castanhas de ovos, coroas de abadessa ou toucinho-do-céu. Para referir apenas “os premiados”, enumera a proprietária, Paula Alves, em entrevista telefónica. As montras completam-se de bolos e doces que a pastelaria produz desde 1957 em Alcobaça, seguindo as receitas tradicionais deixadas pelos monges de Cister que habitaram a região.

O anúncio da abertura surgiu timidamente na página do Facebook na tarde de quinta-feira, mas a nova loja “abriu na sexta-feira passada”, deixa escapar Paula Alves entre a conversa. “Temos ficado bem caladinhos”, ri-se. “A equipa é toda nova e queria que estivesse mais familiarizada” com o espaço e as receitas antes das esperadas enchentes de gulosos que a fama de 60 anos de história e a expectativa dos últimos dois trazem de promessa.

Volvida a primeira semana de portas abertas, Paula vive “um momento de muita felicidade”, conta. Não só pela “gratificação” de ver clientes a regressar no dia seguinte e no outro, inclusive estrangeiros; como por ver finalmente concretizado “um sonho de há muitos anos”.

Ter uma loja em Lisboa, no Chiado, na Rua Garret, na Casa da Sorte, pareceu-lhe “impossível a vida inteira”. Nos últimos tempos foi até “um pesadelo”, mas agora é sonho tornado realidade. E uma “fase nova da nossa vida”, revela Paula: as filhas “abraçaram o projecto em Lisboa” para dar continuidade ao legado.

A inauguração oficial ainda não tem data marcada, mas será para muito breve. Terá, contudo, uma ausência de peso. “Estive com o Querubim Lapa uma vez e estava muito feliz e tranquilo por os azulejos terem ficado em boas mãos. Abraçou-se a mim, deu-me dois beijos e disse que estaria na inauguração”, conta Paula com a voz a embargar-se. “É um grande motivo de orgulho termos os azulejos iluminados como temos hoje.”

“A Alcôa merecia um lugar de destaque como é esta loja, onde a tradição histórica dos doces conventuais combina com o imenso valor histórico que estes azulejos têm para Lisboa e não só”, defende.

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