Fugas - restaurantes e bares

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O Bastardo está mais asiático

Por Alexandra Prado Coelho

Mantendo as raízes portuguesas, com o novo chef, David Jesus, o Bastardo avança agora também pelos sabores da Ásia.

A cozinha do Bastardo, o restaurante do International Design Hotel, em Lisboa, tem um novo chef. Chama-se David Jesus e — é inevitável que continuemos a fazer esta ressalva — tem o mesmo nome do sub-chef do Belcanto, mas é outra pessoa. Tem 27 anos, muita vontade de mostrar a sua cozinha, mas o cuidado de fazer uma transição sem cortes abruptos em relação ao trabalho do chef anterior, Luís Rodrigues.

Se a carta mantém a estrutura e vários dos pratos criados por Luís Rodrigues, pode ser divertido tentar encontrar o Wally, neste caso as marcas que David Jesus já começou a introduzir. Uma pista: procurem os sabores orientais. É que, continuando a ser um restaurante de cozinha portuguesa, o Bastardo tornou-se, pela mão do novo chef, um pouco mais asiático.

David Jesus chega à mesa para apresentar o primeiro prato e vai logo explicando de onde vem esse lado asiático. “Estive durante algum tempo na Polinésia, apanhávamos tudo o que cozinhávamos em casa, aprendi muitas receitas do Pacífico, ajudei, por exemplo, a iniciar uma plantação de baunilha.”

À “base francesa que a cozinha do Bastardo tem”, juntou essas influências asiáticas, mas também “algo do que se está a passar em Londres”, onde esteve a trabalhar com Nuno Mendes, no Chiltern Firehouse. O seu currículo inclui ainda passagens pelo Eleven, o Penha Longa Resort, a Herdade da Malhadinha Nova e o restaurante Celeiro do hotel Sublime Comporta. “Quando se está três anos no Alentejo, parece que tudo se passa em Lisboa e no Porto”, confessa. Por isso, resolveu voltar para a capital e diz estar feliz por poder cozinhar, entre outras coisas, com os produtos diferentes que se podem encontrar ali ao lado, no Martim Moniz.

Apresenta, para começar, um prato que já fazia parte da carta, o tártaro, mas ao qual juntou um ovo de codorniz “para dar cremosidade”. A seguir, veio um ceviche de camarão com leche de tigre (o camarão é “cozido” no próprio prato), creme de milho e ainda finas fatias de polvo “para fazer a ligação com Portugal”. Depois, o ramen (que tem versão japonesa mas aqui veio com pato) com um ovo feito num pickle rápido a dar o toque avinagrado num caldo que leva cinco ervas: espinafre, hortelã, salsa, coentros e manjericão.

A refeição continua com um prato que David Jesus tem entre os seus favoritos: bacalhau “asiático”, com puré de beringela frita, grelos salteados em manteiga de alho confitado e algas kombu — e ainda um picadinho algarvio a trazer frescura. Para terminar, outra novidade que o chef quis introduzir — o peixe do dia. Neste caso, corvina com arroz de amêijoas e um surpreendente piso de coentros fermentado.

Chegados às sobremesas, a dificuldade é escolher. Experimentámos três e não nos resta senão recomendar as três. Aqui vão, por ordem de intensidade: a tigelada com quindim de amêndoa, maçã, morango e creme inglês; o cremoso, com crème brûlée, sorbet de coco, merengues de chá verde e curd de limão; e, por fim, o brownie, que é um fondant de chocolate com gelado de caramelo salgado.

 

Bastardo
Internacional Design Hotel
Rua da Betesga, 31, 1.º, Lisboa
Tel.: 213 240 993
Horário: das 12h30 às 15h30 (almoços), das 15h30 às 19h30 (lanches) e das 19h30 às 24 horas (jantares)
www.restaurantebastardo.com

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