Fugas - restaurantes e bares

  • Nelson Garrido
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A lampreia, das pesqueiras do rio Minho ao tacho de Ana Luísa

A mulher conta, por seu lado, como sempre se habituou a comer lampreia desde pequena e aprendeu com a mãe a prepará-la. “Aqui à beira da cabeça temos os buraquinhos das guelras, dá-se um cortezinho logo abaixo com cuidado para não furar o fígado, faz-se outra incisão mais abaixo e puxa-se a tripa rápido, ela sai inteira. Se furar a tripa é para deitar a lampreia fora, já não se aproveita.”

Faz-se o refogado, com cebola, alho, azeite e a marinada da lampreia, incluindo o sangue e é aí que depois de cozinha o arroz. A receita da bordalesa é muito semelhante, só que o molho é levado novamente ao lume para reduzir e engrossar e depois é servido com torradas e arroz branco.

A casa está cheia e da cozinha saem as outras especialidades, o naco na grelha e o bacalhau. A lampreia, este ano, está limitada, pelo menos para já, se os animais continuarem a não subir o rio. Comemos a lampreia nas suas três versões, acompanhada pelo vinho Alvarinho da região e discutimos como é difícil definir este sabor.

Não se parece com nada do que estamos habituados a comer, tem uma identidade única. Tal como o próprio animal, com a sua boca-ventosa, a partir da qual se alimenta do sangue de outros peixes, e o seu aspecto pré-histórico. “Tem um sabor agreste”, diz Nelson, o fotógrafo da Fugas. E, depois de pensar mais um pouco: “Medieval.” Talvez seja isso, de facto. É um sabor de outros tempos.

Quem aqui vive foi, desde sempre, sendo conquistado por este animal improvável. Outros vêm de fora e fazem quilómetros por esta iguaria. E há os que não a suportam. Mas de uma coisa não restam dúvidas: a lampreia tem muita personalidade. E o melhor mesmo é ir até Melgaço para tentar encontrar a palavra certa para descrever o seu sabor e decidir se se juntam ao grupo dos que a adoram ou dos que a detestam. Seja qual for a decisão, até 15 de Abril, a lampreia espera-vos. 

 

Rota gastronómica e radical

Até 15 de Abril, todos os fins-de-semana há degustações de lampreia do rio Minho. Em Melgaço, são 14 os restaurantes aderentes: Adega do Sabino, Adega do Sossego, Castrum Villae, Chafarix, Foral de Melgaço, Mini-Zip, O Adérito, Paris, Boavista, Tasquinha da Portela, Verde Minho, Inês Negra, Casa Real e o Brandeiro.

O Grupo Melgaço Radical propõe também vários programas relacionados com esta temática: rafting “Lampreia e Alvarinho só no (Rio) Minho”; eco-rafting “Navegar com as Lampreias”; caminhada “No Trilho da Lampreia”; rapel suspenso “Pendurados no Rio Minho”.

Todos os fins-de-semana.
Marcações em 251 402 155/96 700 63 47 ou www.melgacoradical.com/geral@melgacoradical.com

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