Identificadas como petisco de Lisboa, as pataniscas existem, com diferentes formas, no resto do país. Rodrigo Meneses, membro do júri e transmontano, disse que as conhecia redondas, mais semelhantes a sonhos, como são feitas no Norte. O mesmo afirmou a chef Justa Nobre, também transmontana, sentada na assistência, e que explicou que só quando se mudou para Lisboa é que começou a fazer pataniscas achatadas, mais ao gosto dos habitantes da capital. Revelou também que fazia umas especiais para Mário Soares quando o antigo Presidente ia ao seu restaurante. “Pedia-me sempre para as fazer com mais farinha e menos bacalhau.”
A receita mais antiga que Virgílio Gomes encontrou nas suas pesquisas foi no livro Arte do Cozinheiro e do Copeiro do Visconde de Vilarinho de São Romão, 1841. Aí é chamada de Bolinhos de Bacalhau mas “tem o detalhe de não incluir a batata que veio mais tarde a dar origem ao pastel de bacalhau”. Conta ainda outra curiosidade: em 1990, no 1.º Concurso de Gastronomia Lisboeta, na lista de pratos a concurso estão já as Pataniscas de Bacalhau.
Servidas como entrada ou como prato principal, acompanhadas por arroz que pode ser de tomate, de grelos, ou outro, desde que malandrinho, a patanisca tem, conclui Virgílio, as características necessárias para ser um “emblema culinário” de Lisboa.