Quando agora se olha para a baixa, parece que foi há muitos anos que a Petiscaria Santo António abriu as portas da sua primeira casa, atrás da antiga Cadeia da Relação, no Porto. Em 2009 a cidade pouco aparecia nos mapas turísticos quando três amigos decidiram pegar numa antiga tasca (e dizemos tasca no velho sentido da palavra) e transformá-la num restaurante de petiscos tradicionais à boa moda portuguesa, claro está, com um toque original. E como destes três amigos não havia um que soubesse cozinhar, recorreram a uma arma secreta que ainda hoje faz das tripas coração atrás do balcão da cozinha: a mãe de um deles, Graça Almeida.
Os anos passaram, outras casas abriram e fecharam e actualmente a baixa do Porto está prestes a ter três petiscarias Santo António: uma na Rua da Fábrica, outra mesmo em frente à entrada da Torre dos Clérigos, na Rua da Assunção, e uma nova, que marca o regresso à primeira casa na Rua de S. Bento da Vitória, que entretanto tinha fechado.
A reabertura (a 24 de Maio) da primeira petiscaria e a transição para a época que se espera que traga dias mais quentes serviram de mote a um novo revestimento da ementa que já há muito tempo não era alterada. Os novos nomes da ementa denunciam a chegada do Verão. São pratos mais frescos, com mais cores e, a pedido da clientela, com mais opções vegetarianas, como as novas cunhas de cogumelos e alho francês.
Oito anos depois juntam-se às bifanas (3,5€), ao bacalhau com natas (3,5€) e às pataniscas (3,5€) alguns pratos sazonais como uma salada de salmão e mexilhões. E para gáudio de muitos que ainda hoje batem à porta a perguntar, confirma-se que uma das novas opções traz de volta os famosos ovos verdes.
O menu foi idealizado “quase de impulso” por Graça Almeida (chame pela D. Graça se algum dia lá for e quiser saber os segredos dos petiscos) e está cheio “de coisas miudinhas feitas com muito amor”, revela quando sai da cozinha de sorriso rasgado e lenço na cabeça.
Todas as receitas que prepara são antigas, cozinhadas a partir de ingredientes portugueses com especiarias que vêm de todo o lado do mundo, não tivessem os portugueses “uma perninha em cada lado”.
Todas as três petiscarias são pequenas, com as mesas próximas umas das outras (à sexta-feira e ao sábado recomenda-se fazer reserva) e além das conversas entre clientes e os da casa, é costume ouvir-se ao fundo a guitarra do Carlos Paredes e o fado da Amália.
As moelas em vinho do Porto com gengibre e noz-moscada (3,5 €), os peixinhos da horta, a salada de pota e o chouriço assado (6 €) chegam à mesa em muitos pratinhos diferentes. Aconselham as regras da tasca que cada um peça o seu favorito e depois, petisca-se um pouco de todos.
Para acompanhar os mexilhões, além do pão para molhar sem vergonha no molho, a cozinheira encaminha Pattria, uma cerveja artesanal que é feita só para aquela petiscaria – e que pode ser encomendada online no site do restaurante.
Também aí vai ser possível passar a comprar latas de conserva da marca Petiscaria Santo António, que além da oferta comum do atum e sardinha em tomate vai ter outras opções menos tradicionais como o bacalhau com alho, mexilhão fumado e filetes de pescada. No site da tasca é já possível encomendar muitos dos ingredientes usados nesta cozinha do Porto onde são usados produtos de todo o país, desde as carnes fumadas do Alentejo, as conservas açorianas Santa Catarina, as alheiras de Trás-os Montes e claro, o vinho do Porto. A ideia é que a experiência que ali se tem com a comida portuguesa não deixe saudade entre o momento de pagar a conta e a vez seguinte que volta para petiscar na Santo António.