Fugas - restaurantes e bares

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Há um festival para pôr a Ilha Terceira no mapa da gastronomia

Para entrada é servido “consomé de codorniz com chá verde e jasmim da Gorreana”, numa bela e cuidada apresentação. É servido numa base de quinoa e acompanha com cogumelos shitake, acelgas e bolbo de funcho, sendo o consomé acrescentado já na mesa.

Além do cativante efeito visual — os olhos também comem, como se sabe —, convence também pela afinação e equilíbrio de sabores.

Idêntica elegância na “alcatra de peixe com chocolate branco”, uma versão desconstruída e exemplarmente executada da alcatra regional. Cozinhada também em alguidar de barro, com boca negra, garoupa e abrótea, as carnes limpas são reservadas em vácuo e enformadas as gelatinas, para a posterior graciosa construção do prato que inclui minilegumes e planta do gelo. Um belíssimo exemplo de cozinha tradicional em formato atraente e moderno.

Noutra ocasião, tínhamos também ficado com excelente impressão de um polvo crocante e saboroso, que nos explicaram ser confitado em azeite e depois levemente tostado na grelha. É servido com batata assada, pimentos e uma vinagreta de maracujá, e fica na memória gustativa.

Voltando à ementa do festival, há um “peito de novilho estufado com sabores mediterrâneos” como o prato de carne, uma “panna cotta de baunilha enamorada com frutas exóticas”, e, para lá do serviço eficiente, fica a vontade de experimentar as diversas propostas de uma lista que se junta aos diversos momentos do dia. Do petisco para acompanhar uma cerveja, ao lanche jantar ou ceia ligeira.

Marina de Angra
Angra do Heroísmo
Tel.: 295 628 458
Horário: de segunda a sexta, das 9h às 00h; sábado das 9h às 2h; fecha ao domingo

 

Q.B.
Cozinha requintada

O nome diz tudo, mas só depois da experiência. Percebe-se que a designação e a estratégia de comunicação deste projecto, moderno e plural, remete para o universo das receitas culinárias, onde os ingredientes são utilizados na porção quanto baste, mas no final da refeição é outro o conceito que se nos agarra à cabeça.

Trata-se de um espaço com cozinha, serviço e instalações para poder perfeitamente integrar um conceito fine dining, mas a ideia é que tudo na proporção Q.B. Ou seja, a alta cozinha está, mas num contexto descontraído despido do formalismo e etiqueta que implicam o fine dining.

O projecto funciona num espaço amplo de uma moradia e jardim criteriosamente recuperados para o efeito. Ao espaço exterior, com esplanada, junta-se uma zona de bar e refeições informais na entrada, ocupando o restaurante com “menu premium” o piso superior e com entrada independente.

Paulo Lourenço, o chef responsável pelo conceito, mostra que sabe ao que anda. As propostas para o festival passam por “carpaccio de polvo, molho verde, salada asiática, romã e crocante de queijo de cabra”, numa conjugação cuidada e elegante que destaca as melhores características de todos os produtos regionais. É proposto o complemento com o vinho Curral Atlantis Verdelho, dos Açores, prova mais uma vez de que as coisas aqui estão num nível elevado.

Grande delicadeza no “lombinho de peixe (salmonete, no caso) corado, arroz malandro de lapas, cebola assada e creme de cogumelos”. Interessante o facto de ser utilizado arroz basmati, que deverá ser acrescentado ao prévio caldo. Num prato de apresentação elaborada, resulta pela elegância mas também por preservar a textura na conjugação com os sabores do caldo, a delicadeza do peixe e a acidez da lima, que igualmente faz parte do conjunto.

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