O restaurante Tapa Bucho, no Bairro Alto, abriu portas no primeiro dia da segunda edição da Rota de Tapas, a 19 de Setembro de 2013. A iniciativa promovida pela marca de cerveja Estrella Damm tinha-se estreado em Portugal no final de Maio, mas a pequena casa de petiscos ainda não estava pronta a inaugurar. Falhar o segundo evento não era uma hipótese para os proprietários.
“Forçámos toda a gente que estava a trabalhar no projecto a acelerar para termos tudo pronto e abrir nesse dia”, recorda Frederico Brás. “O mapa [com a lista de restaurantes, tapas e respectiva localização, que é entregue ao público] ajuda imenso a encontrar novos restaurantes e como, apesar de estarmos no Bairro Alto, não estamos numa rua principal, era importante participarmos”. Criaram uma tapa com cogumelos Portobello e queijo da ilha gratinado. À segunda participação conquistaram o prémio de melhor tapa: rabo de boi estufado com creme de queijo. Foi um empurrão bem-vindo ao negócio. Chegaram a vender “340 tapas num dia” e tinham “umas 60 pessoas na rua” porque não cabiam no exíguo restaurante de 22 lugares.
Desde então, o Tapa Bucho é presença assídua na Rota de Tapas. E, por isso, é no número 19 da Rua dos Mouros que arranca o mini-roteiro de apresentação da nona edição em Lisboa. Na ementa: pá de porco assada a baixa temperatura com molho barbecue em pão bijou e uma garrafa de cerveja de 25cl. Depois de vários anos em Barcelona, o evento lançou-se na capital portuguesa há quatro anos, com duas edições. Alargou-se, entretanto, ao Porto, a Braga e este ano, pela primeira vez, ao Algarve – com a estreia em Faro. Foi lá que a primeira edição de 2017 arrancou, com 19 restaurantes aderentes, terminando a 28 de Maio. Lisboa, Porto e Braga deram o pontapé de saída esta quinta-feira, prolongando-se até 4 de Junho.
Na capital, participam 29 espaços, concentrados entre o Príncipe Real, o Bairro Alto, a Bica e o Cais do Sodré. “Saiu Alfama, que nesta rota não se justificava”, conta Elsa Cerqueira, directora de marketing da Estrella Damm. Talvez regresse na próxima edição ou talvez o roteiro mude completamente de zona e explore outros bairros da cidade. O objectivo da iniciativa, defende a responsável, passa também por “ajudar as pessoas a encontrar novos restaurantes e dar a conhecer novos bairros”. Preferencialmente a pé, num périplo ao estilo de rally tascas, ou de tuk tuk quando as distâncias se alargam.
Em Lisboa, é possível apanhar boleia junto de três terminais: no Cais do Sodré (próximo do Mercado da Ribeira), na Rua Garrett (em frente à Bertrand do Chiado) e no Miradouro de São Pedro de Alcântara. E, pela primeira vez, os tuk tuk chegam ao Porto, circulando entre a Praça Carlos Alberto, a Rua de Santo Ildefonso e a Rua das Flores (junto ao cruzamento com o Largo de São Domingos). Para apanhar boleia, é necessário reunir um grupo de seis pessoas, cada uma com pelo menos um carimbo no mapa (cada restaurante tem o respectivo carimbo; estes podem-se coleccionar para participar no sorteio de uma viagem a Barcelona para duas pessoas – basta reunir três carimbos diferentes e deixar o folheto numa das tômbolas existentes nos restaurantes). Circulam de quinta a sábado das 19h às 23h (tanto em Lisboa como no Porto).
A estreia dos tuk tuk no Porto chega com um número recorde de restaurantes aderentes: 37 espaços, divididos entre os bairros da Vitória, Cedofeita, Santo Ildefonso, Baixa do Porto e Ribeira. Entre os petiscos disponíveis, há nomes (e receitas) sugestivos, como um Come-me o Grelo, uma Tapa na Boca ou um Corneto de Camarão.
Em Lisboa, seguimos de tuk tuk para provar um Brasileirinho no restaurante Bossa, no Príncipe Real: uma “espetadinha” de churrasco de picanha, com croquete de arroz, croquete de feijoada, mandioca palha e vinagrete picante. Está casa cheia de grupos de mapa na mão. Não há mesas por ocupar. Nem no Bossa, nem n’Os Bons Malandros, na Rua da Bica de Duarte Belo, onde continuamos o périplo com um preguinho com cogumelos salteados e molho roquefort.
O elevador da Bica já terminou o sobe-e-desce e a noite vai-se impondo quando terminamos no Pop Out The Can, uns números mais abaixo. É a primeira vez que este antigo “bar-galeria” transformado em “bar de petiscos” há “dois anos e meio” participa na Rota de Tapas. Raquel Rodrigues andava de olho na iniciativa há algum tempo e perguntava-se “quando é que faziam na Bica”. O bairro entrou nesta edição, a organização contactou-a e Raquel aceitou. “É muito bom para divulgar o espaço”, defende a proprietária.
O balanço ao final do primeiro dia é muito positivo, com resultados “acima do esperado”. “A adesão tem sido espectacular, só para dar uma ideia, já vendemos metade das cervejas que tínhamos encomendado para o fim-de-semana”, conta. A acompanhar a bebida, uma trouxa de alheira de caça e cogumelos com cebola roxa caramelizada e ovo de codorniz a cavalo. “O problema das tapas é que, muitas vezes, são secas. Por isso, queríamos ter uma que fosse gulosa e com a frescura da maçã verde.” Entre as que provámos, é a única que chega à mesa com faca e garfo, o que “dificulta vir para a rua e servir mais”, admite Raquel Rodrigues. Quando vamos embora, ainda há quem se esteja a sentar.