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Em Caminha, o mundo é servido num copo de cerveja artesanal

Por Catarina Reis

De quinta-feira a domingo, alguns dos maiores cervejeiros nacionais e internacionais vão marcar presença na 5.ª edição do ARTBEERFEST, que acontece nas principais ruas da vila minhota.

Paladar apurado e um copo com mundo lá dentro. Caminha volta a ser palco de um dos maiores festivais de cerveja artesanal na Europa, entre 13 a 16 de Julho. Durante quatro dias, cervejeiros, especialistas nacionais e internacionais, amantes do sector e curiosos vão passar pelas principais ruas da vila minhota para comemorar a 5.ª edição do ARTBEERFEST.

“Somos um país com uma cultura vínica no ADN. Queremos criar as condições para também dar a conhecer a nossa cerveja”, explica Octávio Costa, promotor do evento e especialista em cerveja artesanal, em entrevista telefónica à Fugas.

Longe dos centros urbanos e quase a pisar a fronteira de Espanha, pelo município vão passar 29 cervejeiras, 223 estilos de cerveja artesanal de 11 países e alguns dos maiores cervejeiros nacionais e internacionais.

A casa da revolução cervejeira

Em 2013, o ARTBEERFEST saiu pela primeira vez à rua, quando a produção de cerveja artesanal em Portugal ainda era apenas um embrião no sector.

“Na altura, foi difícil arranjar quatro ou cinco projectos portugueses e, hoje em dia, são 60 em todo o país, geograficamente bem dispersos. Sendo que 20 já têm algum reconhecimento internacional”, conta o promotor.

O evento cresce sobre a necessidade de retirar os produtores das fábricas para darem a conhecer o seu trabalho. “Quando o festival nasce, percebemos que aquela foi a primeira plataforma de visibilidade que o mundo cervejeiro português conseguiu encontrar. Não havia sequer festivais para as cervejas convencionais”, lembra Octávio Costa. Em Caminha, por onde o promotor espera que passem 15 mil pessoas por dia, “a hotelaria já está esgotada há dois meses”.

O município é actualmente reconhecido como a Meca da cerveja artesanal, pelo seu “eclectismo”. “É o único concelho do Alto Minho que não tem produção de vinho. Precisava de um mote para avançar. E isto ajuda-nos a comunicar que a cerveja artesanal também está intimamente ligada ao consumo local, à sustentabilidade de agentes económicos locais”, explica Octávio Costa.

Mais de mil litros de homenagem

Debaixo dos holofotes, aquele que é considerado o maior especialista mundial de cerveja, o dinamarquês Mikkel Borg Bjergsø, marca presença no festival pela terceira vez consecutiva.

Em homenagem a Caminha, criou uma cerveja que será apresentada, em exclusivo, durante estes quatro dias. “Calma, Calma, Caminha” é o nome da sua obra. “São 1100 litros produzidos, postos em duas barricas de vinho do Porto vintage com madeiras com cerca de 120 anos. Está a maturar até Dezembro. Mas desses 1100 litros tirámos cerca de 300 litros, que foram postos em barris. E um desses barris vai estar em Caminha”, esclarece Octávio. A cerveja será vendida como edição limitada apenas no mercado americano e japonês.

Num festival que se faz com público dos 25 aos 50 anos, ao final de cinco edições ainda é o público feminino que mais procura o evento. “Temos 223 estilos de cerveja em prova no festival. Talvez por isso haja mais mulheres. É um público de maior desafio, menos formatado, mais predispostas a experimentar novos sabores, novos aromas”, elucida o promotor. Por outro lado, o público masculino “talvez seja aquele mais formatado, mais clássico, que ainda associa muito uma cerveja a um jogo de futebol e comer uns tremoços”. No entanto, garante Octávio, “a cerveja artesanal é uma coisa mais ampla”.

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