Fugas - restaurantes e bares

  • Nelson Garrido
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A cozinha pede palco neste Theatro encantado

Ainda no que toca a entradas ou petiscos, a carta propõe a “trinchada de francesinha”, “bombom de alheira crocante”, “revueltos com espargos verdes e cogumelos”, “bruschetas de sabores portugueses”, “carpaccio de salmão fumado com cítricos” e “selecção de queijos e enchidos”, com preços entre 3,20 e 7,90€.

No que aos pratos principais diz respeito, o foco está nas carnes. Um risotto de pato, fondant de alheira de caça, bochecha de porco preto com puré de queijo, presa de porco ibérico e a moda “maturada” em duas versões: naco e costeleta. 

Provamos o “risotto de pato com espargos e cogumelos” (13,90€), em dose generosa, com sabores e texturas aprimorados, carne esfiada, e a mostrar, mais uma vez, a valia culinária da cozinha. Igualmente de tamanho bem generoso o “naco de vazia maturada” (16,90€), carne rosada e suculenta e cozinhada no ponto exacto. 

Peça de boa qualidade, saborosa, e que bem dispensava a “cobertura” com molho de mostarda e mel que lhe aniquila o sabor. Ou seja, o melhor da carne. E a solução é fácil: servido à parte, só mistura quem quer. Mas o pior é que o desastre se acentua ainda com as batatas fritas de fast-food e sal refinado que acompanham. O luxo (da carne) não pode casar nunca com a miséria (da fast-food). 

O polvo à lagareiro (14,90€), bacalhau com crumble de broa (15,90€) e um “arroz caldoso de camarão tigre e vieiras” (19,90), esgotam a oferta de peixe. Ou seja, não há peixe fresco (com excepção das petingas), o que em terra de pescadores não deixa de saber a pouco. E lota está ali a centenas de metros! Um verdadeiro desperdício, tanto mais quando a cozinha deixa evidentes indícios de que é mesmo capaz de fazer a diferença. 

Nas sobremesas, a panna cotta de frutos silvestres (4€), o brownie de chocolate com gelado de framboesas (3,60€) e o competente pudim abade de Priscos (4,50€) deixam mais uma vez garantias da capacidade da cozinha de Pedro Oliveira, que parece claramente justificar mais palco para poder brilhar.  
Neste Theatro, merece também aplauso a qualidade e abrangência da carta de vinhos. Abarca todas as regiões com critério e gosto na escolha de vinhos de qualidade, com o louvável esforço em sugestões alternativas aos mais caros, óbvios e conhecidos. Maior oferta de vinho a copo (apenas um branco e um tinto) não só promoveria o consumo como parece ajustada à lógica de petiscos e vocação gastronómica alargada. 

Destaque também para o serviço, correcto, simpático e envolvente (mesmo que não necessite de a cada três minutos questionar se está tudo bem e a gosto), num ambiente agradável, desafogado e luminoso.  

Em conclusão, apetece dizer que este é o espaço gastronómico alternativo e contemporâneo que o cosmopolitismo poveiro há muito justificava. E isso implica mais e maior protagonismo à cozinha, com peixes e carnes, para que todos se sintam atraídos por este encantador Theatro gastronómico.

 

Theatro
Rua Santos Minho, 10 
4490-549 Póvoa de Varzim
Tel.: 918 803 798 
Cozinha contemporânea
Horário: De terça a sexta-feira, das 10 às 24h; até às 2h ao sábado e domingo. Fecha à segunda-feira.
Estacionamento nem sempre fácil.

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