Fugas - restaurantes e bares

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Quer experimentar ramen em casa de António? Tem que esperar por Outubro

Por Bárbara Wong

Ajitama é o projecto de dois amigos que os deixa noites sem dormir e nos desafia a comer ao lado de estranhos.

João Ferreira pode passar uma noite da semana a acordar de quatro em quatro horas para verificar a cozedura da carne de porco. António Carvalhão pode expulsar a mulher e os dois filhos de casa para receber os convivas que chegam para experimentar ramen, o prato japonês de origem chinesa, pelo qual os dois amigos se apaixonaram na Ásia e que os fez lançar o projecto Ajitama, um supper club, ou seja, a possibilidade de jantar em casa de outra pessoa.

António e João são amigos desde os tempos da escola, há 17 anos, e cada um seguiu o seu percurso académico e profissional. Quando João, hoje gestor numa empresa de equipamentos industriais, trabalhou na China, António estudou no Japão. No regresso a Portugal, de vez em quando, os amigos falavam do famoso prato de sopa com noodles. “Em Novembro de 2015 decidimos: vamos fazer o nosso ramen”, conta António. No mês seguinte descobriram um workshop sobre o tema, começaram a comprar livros, a ver vídeos e a experimentar fazer. “Demorámos 13 meses”, revela João. O primeiro ramen que fizeram demorou 36 horas e “ficou uma porcaria”, riem-se. “Mas com muita resiliência lá chegámos ao resultado.”

Depois, começaram a fazer jantares para a família, para os amigos, para os amigos dos amigos… Em Março abriram a página no Facebook e, de repente, as pessoas que entram em casa de António são perfeitos desconhecidos. “A coisa foi crescendo e não tivemos muito tempo para reagir”, avalia. A lista de espera é de 230 pessoas e só para Outubro os dois amigos conseguirão voltar a receber reservas.

Agora, o ramen de João e António tem lista de espera e a mesa que prepararam para receber oito pessoas leva, por vezes, uma dúzia — acrescentaram uma velha porta encontrada na rua que fica exactamente ao mesmo nível da mesa — “houve um alinhamento dos astros”, brinca António.
A actividade do Ajitama — é o nome que tem o ovo cozinhado e cortado com fio de nylon para que a gema não fique na lâmina da faca — começa à sexta-feira, quando os dois amigos iniciam a preparação do jantar de sábado. Às vezes João fica em casa de António a dormir no sofá, tal é a hora a que terminam os preparativos. Fazem tudo, da entrada à sobremesa de matcha, passando pela massa. O vinho que é servido é alentejano, Herdade dos Grous, e, no final, o café é Nespresso — de resto, tudo é japonês. Por exemplo, pode pedir uma cerveja ou um refrigerante nipónicos. 

E sobre o que se conversa com estranhos? António e João fazem as honras da casa e ao longo da refeição vão contando as suas histórias. Quando eles não estão, seguimos o mesmo guião: conversamos sobre viagens inspirados pelo planisfério que decora a sala e que mostra os países por onde o anfitrião já passou e as dezenas de guias de viagens que estão empilhados ao fundo da divisão. Se não, podemos sempre falar de comida ou de vinhos. 

O jantar começa às 21h30 e termina impreterivelmente às 0h30 e cada um deixa o que quiser para pagar a refeição. A média tem sido 30 euros, um preço que António e João consideram justo. A marcação deve ser feita por email: ajitamalisbon@gmail.com.

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