É uma quinta pedagógica que nos últimos anos tem recebido os "meninos da cidade que nunca viram a província", resume numa frase Maria Fernanda Caine, relações públicas do espaço, que fica entre a Tapada de Mafra e o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico.
De mãos lavadas e bem ao alto, um grupo de alunos de um colégio dos subúrbios de Lisboa caminha a compasso em direcção à cozinha. Vão aprender a fazer pão com Susana, a monitora da quinta que lhes explica tudo sobre a origem da farinha, do fermento e do sal, e dona Ana, a mulher do caseiro que, poucos minutos antes, empurrou um fardo de lenha para dentro do forno onde vai cozer-se o resultado que sair das mãos das crianças. Em cima de três mesas, no centro da cozinha, os meninos põem a mão na massa e alguns ficam com as caras brancas da farinha.
Caça ao tesouro
As actividades propostas às crianças variam conforme a idade e os pedidos das escolas. Além de fazer pão, os estudantes podem aprender a fazer doces, ver e tratar dos animais, fazer jogos como caças a tesouros onde têm de aplicar os conhecimentos que foram adquirindo ao longo do dia, fazer sacos com cheiros que os próprios colhem na quinta. Há ainda ateliers para aprender a reciclar. E algumas escolas oferecem uma aventura maior, a de dormir na Quinta da Montanha. O sótão enorme está dividido em duas camaratas e casas de banho com duche para rapazes e raparigas, em separado. Ao lado de cada camarata existe um quarto para os professores ou monitores que os acompanham. Só existe o estritamente necessário: camas e cobertores, o resto têm os meninos de levar de casa.
Por aqui se conclui que a Quinta da Montanha não é um espaço de luxo, nem sequer de grande conforto. A administração reconhece-o e por isso pondera transformar algumas salas de reuniões em quartos acolhedores, explica Maria Fernanda Caine. "Depois de termos marcado presença na Bolsa de Turismo de Lisboa, temos tido imensa procura por parte das famílias", justifica, para a necessidade de alargar a oferta a um novo mercado, o das famílias.
Semear batatas?
E ideias não faltam para essa mudança. A proposta de passar um dia no campo, em contacto com os animais e a natureza, por si só já é tentadora, acredita a responsável. Fazer um piquenique ou mesmo acampar ao ar livre, quando os dias estiverem melhores, é outra das sugestões. A quinta tem recebido grupos de escuteiros que acampam num espaço vocacionado para tal. E este também pode ser aproveitado pelas famílias, propõe Maria Fernanda Caine.
O espaço das camaratas pode ser usado por famílias alargadas com avós, pais, tios, filhos e sobrinhos ou por dois ou três casais com filhos que queiram passar um fim-de-semana no campo.
A cozinha, completamente apetrechada, pode ser utilizada como se fosse a lá de casa ou para fazer coisas completamente diferentes. Existe um forno a lenha. Porque não aquecê-lo logo pela manhã e colocar um grande tabuleiro com carne para assar, coberto com papel de alumínio, e deixá-lo ficar até à hora do jantar? A essa hora, a carne estará deliciosa e quase desfeita. Ou porque não juntar os miúdos à volta da mesa para fazer pão com chouriço? Se calhar algum dos avós lembra-se de uma receita antiga que ali pode ser confeccionada.