"O Geoparque Arouca não é só um local de estudo para geólogos: é muito menos uma ‘Disneylândia' para geólogos e muito mais um mecanismo, baseado na Geologia, que visa o desenvolvimento sustentado de toda a região, passando pela cultura, etnografia e culinária." Artur Sá, paleontólogo do departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, teve a ideia mas recusa-se a assumir sozinho a paternidade do geoparque arouquense. O "nascimento", sublinha, deve-se a um esforço conjunto de uma equipa científica com o apoio da câmara local. Ficou com o estatuto de coordenador científico do projecto.
E o que é que este geoparque tem de único? "Numa área tão pequena, tem uma grande diversidade geológica e ocorrências geológicas muito singulares, e está num espaço em que a natureza está bem preservada." Artur Sá está satisfeito com os resultados que começam a saltar à vista. O geoparque serviu de inspiração para o último Carnaval das escolas da região e os programas educativos têm sido bastante procurados. Desde o início deste ano, e até Junho, mais de 2.500 alunos visitarão o espaço. "É um projecto unânime da região, feito com todos e para todos."
António Carlos Duarte, coordenador da Associação Geoparque Arouca, destaca a "singularidade e raridade de alguns fenómenos geográficos do território". Há muito para evidenciar num programa que inclui 86 acções até 2013. Neste momento, já há muito para oferecer. "O visitante consegue viajar no tempo, aprender sobre o património natural, tudo ligado à natureza, à cultura, aos modos de vida da população". A criação de um centro de interpretação das pedras parideiras e de um museu geomineiro estão debaixo de olho da associação que gere o segundo geoparque português.
De forma a dividir um património extenso, a associação criou seis rotas turísticas de dois ou três dias, que permitem um percurso à medida. A rota Sentir a Natureza inclui um contacto com a paisagem da Serra da Freita, um percurso pedestre, visita às aldeias de Alvarenga, Noninha e ao monte de S. Pedro Velho e algum tempo numa praia fluvial no primeiro dia. Mais uma visita às aldeias tradicionais de Janarde e Meitriz e um passeio de kart cross ou em BTT pelas aldeias de Cortegaça, Regoufe, Drave e Covelo do Paivó no segundo. Para a rota À Descoberta dos Geossítios são necessários três dias para assimilar a excepcionalidade da geologia da região. Icnofósseis de Mourinha, miradouro do Detrelo da Malhada, marmitas gigantes do rio Caima, pedras boroas são alguns dos pontos desse percurso. Há lugar reservado ao saber, mas também aos sabores com a vitela arouquesa e o cabrito da Gralheira em cima da mesa. Há, portanto, uma rota dedicada ao fabrico e prova de doces conventuais, vinho, licores e compotas tradicionais.
Como visitar
Para uma visita guiada é preciso formar um grupo com o mínimo de oito pessoas. Cada grupo paga 70 euros por um dia e 35 por meio dia. Os pedidos devem ser feitos para o geral@geoparquearouca.com. O Geoparque Arouca está no site http://www.geoparquearouca.com/. Informações através do 256 943575 e 256 940220.