A existência histórica de Robin dos Bosques, no entanto, não está provada -ou melhor, o nome era na época tão popular, servindo genericamente para designar os foragidos, que é virtualmente impossível identificar o original. Lenda ou história com fundo de verdade, o certo é que o sítio onde roubava aos ricos para dar aos pobres sempre foi identificado com a floresta de Sherwood. A ligação ao Grande Carvalho é que já é mais improvável. Explica David: "O tempo das aventuras de Robin Hood é o final do século XII. Ora, ‘O Grande Carvalho' terá nascido nessa época, ou na melhor das hipóteses era então uma árvore jovem. Não constituiria, portanto, grande esconderijo, muito menos um marco distintivo, como são os carvalhos mais antigos, que servem de pontos de orientação".
Magia e regeneração
Os 40.500 hectares da Sherwood medieval são hoje, na maior parte, outra coisa qualquer. O que persiste é um mosaico de bolsas florestais, separadas por explorações agrícolas, parques industriais, urbanizações e zonas ajardinadas. De tal maneira que agora, quando se fala de Sherwood, o que se refere são apenas 180 hectares de bosque, o seu coração antigo, classificado como área de interesse científico em meados do século passado e Reserva Natural só em 2002. Pré-estabelecidos estão três percursos pedonais, o mais curto e mais popular dos quais vai e volta ao Grande Carvalho, enquanto o mais extenso se alonga por cinco quilómetros que, além do bosque, integram charnecas e pastagens.
Mesmo nesta versão reduzida, Sherwood não desilude. Os seus carvalhos plurisseculares, de formas caprichosas e esculturais, destacam-se do espesso arvoredo como figuras encantadas e fantasmagóricas. Na verdade, as árvores vivas tendem a passar despercebidas no espesso arvoredo e são os exemplares já exangues de folhas que se destacam com os seus troncos esventrados, ramos crispados e copas inquietantes. É menos Robin dos Bosques que Branca de Neve, mas sobretudo faz lembrar as árvores animadas de "O Senhor dos Anéis". O problema é que estas esplêndidas naturezas mortas começam a ser em demasia, o que significa que a floresta não se está a auto-regenerar a um ritmo suficiente.
É a preocupante realidade que nos expõe Izzy, a chefe dos guardas da floresta, que aqui trabalha há mais de vinte anos: "Um carvalho precisa de cerca de 300 anos para crescer, 300 para viver e outros 300 para morrer. O problema em Sherwood é que os carvalhos mais velhos estão a desaparecer, sem que os mais novos tenham tido tempo para crescer. Temos umas mil árvores com mais de 500 anos, mas só metade está viva e não mais de 200 em boas condições. Se não interviermos, dentro de 50 anos estarão todas mortas". E porque morrem os carvalhos dinossáuricos de Sherwood? Izzy diz que a causa principal é mesmo a idade, em particular a circunstância de os carvalhos acabarem com o tempo por se vergar sobre o seu próprio preso. É um fim previsível, mas não inevitável, e o programa de recuperação definido pela equipa de Izzy passa por podar as copas das árvores mais velhas, proteger o crescimento das mais novas e reintroduzir gado para calcar as espécies infestantes.