Fugas - Viagens

Luís Maio

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Sherwood - A floresta encantada de Robin dos Bosques

Cidade com estilo

Nottingham tem também uma série de atracções que exploram a lenda de Robin do Bosques, mas está longe de ser um parque de diversões de tema medieval. Um dos principais centros da indústria têxtil durante a Revolução Industrial, hoje renasce apostando nas indústrias criativas, na biotecnologia e na área dos serviços.

O núcleo urbano conta menos de 300 mil habitantes, mas essa cifra mais do que duplica com os subúrbios, que formam a maior conurbação das East Midlands. Nottingham dispõe, para além disso, de duas universidades com 40 mil estudantes, e os arredores estão constelados de casas de campo de gente endinheirada, que vive em Londres ou Manchester. Todos desembarcam, porém, no centro de Nottingham aos fins-de-semana, convertendo-o num dos quadrantes urbanos mais animados e mundanos de toda a Inglaterra.

O espaço público mais concorrido da cidade é Old Market Square. Ostenta o título de maior praça de Inglaterra (22 mil metros quadrados) e dominada pela monumental Council House, uma espécie de réplica da londrina St. Paul's Cathedral. A praça acaba de ser objecto de uma intervenção tão aparatosa quanto polémica, que a dotou de espelhos de água e fontes, além de um novo pavimento em lajes de granito. A Council House alberga um centro comercial de luxo e em redor, em especial no bairro de Hockley Village, encontra-se uma notável concentração de lojas de marca e independentes, que valem a Nottingham o estatuto de quarta cidade em termos de retalho no Reino Unido. Mais a sul, fica o antigo bairro dos têxteis, o Lace Market, agora na maior parte reconvertido num circuito de bares, restaurantes e discotecas.

Tudo isso seria normal, não fosse a extraordinária concentração de estudantes universitários, quadros das empresas e em geral gente jovem, sofisticada, e de altas rendas. O resultado é uma das cenas nocturnas mais cosmopolitas, chiques e efervescentes de Inglaterra -ou mesmo de toda a Europa? Ao sábado à noite, em especial, o centro de Nottingham mais parece um cenário de "O Sexo e a Cidade", com batalhões de mulheres jovens a invadirem as ruas, todas ou quase todas de vestidos curtíssimos, montes de bijutaria cintilante e sandálias (de preferência douradas) de saltos altos. É a perfeita antítese do antigo antro de delinquentes e marginais, exemplarmente retratado nas Galleries of Justice, o antigo tribunal e presídio, agora transformado em museu no coração do mesmo Lace Market.

Seguir na cauda desse "beautiful people" é também uma boa pista para a manhã seguinte. Aponta para um mosaico de selectas zonas residenciais disseminadas pela cidade e arredores, logo a começar por The Park, o elegante bairro vitoriano nas faldas do castelo. A mesma pista também encaminha para uma multiplicidade de zonas verdes e recreativas, com especial destaque para as que se recortam no campus universitário e nas margens do rio Trent, propícias a todo um sortido de actividades desportivas. São o testemunho inequívoco de que a maior pocilga do Império Britânico, durante a Idade Industrial, se transformou numa das cidades europeias com mais qualidade de vida no novo milénio.

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