Fugas - Viagens

Rui Gaudêncio

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O que é que Barcelona não tem?

É longe para ir a pé até à Gràcia, um dos antigos bairros operários de Barcelona, mas a Gràcia tem de entrar aqui. Portanto, metemonos no metro, saímos na estação de Fontana, vamos tomar um chocolate quente ao café La Nena (ver Onde comer) e podemos passar o resto da noite no bairro, entre restaurantes médio-orientais e os Cinemas Verdi.

Se temos a sorte de estar aqui alojados, a Gràcia também é um bom ponto de partida para périplos gaudianos: de manhã, para cima, o Parque Guell; à hora de almoço, para a direita, o estaleiro da Sagrada Família; à tarde, para baixo, as casas do Paseig de Gràcia, como La Pedrera e Batló. Todo um dia, outro dia.

Onde ficar

Chic&Basic
A Chic&Basic é uma pequena cadeia com cinco hotéis (dois em Barcelona, dois em Madrid, um em Amesterdão), dois hostels (Madrid e Barcelona) e vários apartamentos (Barcelona). No Chic&Basic/Born, entra-se como se fosse o átrio de um prédio: apenas um espaço de onde partem as escadas e o elevador. Mas do lado esquerdo há um pequeno balcão com um rapaz. E em frente, um espelho gigante, cortinas de tule branco, a fotografia de um beijo, orquídeas. Stephan Hansmann, o director holandês, não leva dois minutos a descer para uma visita guiada quando lhe telefonam do balcão a dizer que está ali uma jornalista. Enquanto subimos a escadaria de pedra, explica que o edifício é de 1888, o ano da Exposição Universal de Barcelona, e foi dividido em 31 quartos, além de uma sala comum com café e Internet.
A porta de cada quarto está tapada por uma espécie de cortina em círculo feita de cordas de plástico. Dentro do círculo, cada cortina está iluminada por um projector diferente: roxo, laranja, verde alface, azul violeta. O efeito é um corredor todo branco com focos intensos de cor. O objectivo é que as portas não se vejam. Para chegar a elas é preciso atravessar estas cortinas de franjas. O director abre a porta do que chama "um quarto médio". É todo branco. Os antigos tectos em gesso foram conservados, bem como os mosaicos no chão junto à janela, e a janela é a original, a dar para o Born. Tudo o mais foi radicalmente refeito.
O duche está cercado por vidro entre a cama e janela ("mas pode fechar-se esta cortina, para mais privacidade", exemplifica Hansmann). O lavatório fica de frente para a janela, o que significa que a rua aparece no espelho quando estamos a lavar os dentes. Só a sanita está num compartimento fechado. Em frente à cama há uma cortina luminosa parecida com a da porta, lá fora. Os hóspedes podem mudar a cor com um controlo remoto, consoante estejam num dia mais ou menos laranja.
Não há armários, só um bengaleiro e um chariot com caixas de arrumação. E, não tendo secretária, oferece duas soluções engenhosas: um puff triangular, que se pode pôr na cabeceira da cama como um encosto muito confortável para ficar sentado, e uma espécie de tabuleiro que assenta no colo, pensado para um computador portátil. É simples e funciona. A cama é cem por cento branca, com um colchão aparentemente soberbo, e na mesa-de-cabeceira está um "Welcome Pack" em papel de embrulho.
Stephan Hansmann despeja o conteúdo em cima da cama: um chupa-chupa, um sabonete feito para o hotel e um guia de Barcelona feito pelo hotel. Chama-se This is not another guide of Barcelona, mas é bilingue, espanhol-inglês. E são 170 páginas com um best of escolhido a dedo de restaurantes, bares, discotecas, lojas e mapas das zonas boémias, do Born à Gràcia. Não é um guia histórico nem cultural, mas é um bom guia para comer, beber e comprar roupa, sendo que no caso dos restaurantes o leque vai de menos de 20 euros a mais de 50. O Chic&Basic não serve pequeno-almoço, e daí a ligação ao White Bar, ao lado (ver texto principal). Quartos duplos a partir de cerca de 90 euros (na versão hostel, que é o Chic&Basic/Taller, duplos a partir de 60 euros - valores 2011).
www.chicandbasic.com

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