Fugas - Viagens

Nuno Ferreira Santos

Aprender a montar na Quinta da Marchanta

Por Bárbara Wong

Entre Porto de Muge e Valada, em pleno Ribatejo, com o rio como vizinho, a Quinta da Marchanta é o sonho para quem gosta de animais, mas sobretudo de cavalos

Obediente, Preto sai da cavalariça e espera que o escovem. Com 14 anos, é já um senhor que merece respeito e consideração - aliás, a sua pose de cavalo lusitano, com a cabeça erguida, assim o exige, bem como o seu currículo. Tem participado em inúmeras novelas, portuguesas e brasileiras, orgulham-se os donos. Lá fora, há poldros que relincham, como que para chamar a atenção, e correm, num estado semi-selvagem pelo imenso espaço da Quinta da Marchanta, no Ribatejo.

Na estrada que liga Porto de Muge a Valada, há um portão que anuncia "Quinta da Marchanta, turismo rural e equestre". O espaço de três hectares até quase à beira do Tejo revela, lá ao fundo, a enorme casa que, em tempos foi uma adega; o reservatório da água, datado de 1877, e o espaço generoso onde os cavalos correm à solta. Este é o lugar ideal para pais e filhos passarem um fim-de-semana no campo, com os animais da quinta, os cavalos, os seus sons e os cheiros. Quando o tempo estiver mais quente, é ainda possível usar a piscina da casa ou experimentar a praia fluvial.

Para chegar ao Tejo é só subir umas escadinhas e ele ali está, imenso com as suas ilhotas e mochões que podem ser transformadas em "ilhas privadas" se bem combinado com os proprietários da Quinta da Marchanta, ou seja, é possível alugar um barco e passar o dia num dos ilhéus no meio do rio. Graça Vinagre e César Lérias, os proprietários, propõe ainda a subida do Tejo, a partir de Lisboa e passar uma noite na Quinta da Marchanta, onde a antiga adega foi transformada em três apartamentos, com cozinha incluída e confortavelmente decorados; ou num dos três quartos cheios de luz e cuja decoração lembra que se está no Ribatejo, terra de cavalos e de touros.

O edifício onde ficam os apartamentos e os quartos era uma antiga adega, recuperada. Toda a construção está pintada de branco, debruada com a típica risca azul forte e, nas paredes, ainda há azulejos, com quadras escritas que lembram a antiga função daquele espaço, onde se rima "português" com "dois ou três [copos de vinho]". O lagar e um dos depósitos da adega foram recuperados e fazem parte da decoração do bar, onde Graça Vinagre recebe os visitantes e estes podem ficar a conversar, à lareira, sentados nos enormes e compridos sofás, a jogar snooker ou a ler, num fim de noite bem passado.

"As pessoas vêm e sentem-se em casa ou em casa de amigos", diz Graça. É verdade, comprova a Fugas. Aos nossos pés, Scott, um pachorrento cão labrador, insiste em seguir-nos com uma laranja na boca. Saímos do bar em direcção à pequena quinta pedagógica. Não há que enganar: ouvem-se as cabras anãs e as ovelhas a balir, há um cordeirinho que persegue a mãe para mamar. Mais à frente, o pónei que pode puxar uma charrete, na qual as crianças podem dar uma voltinha, come descansado.

Os gansos andam à soltam e grasnam sem parar, de asas abertas, a dominar o seu território. Há ainda galos, galinhas e pássaros, mas são os cachorrinhos de labrador, amarelos e castanhos, que fazem as delícias dos mais novos. São uns bebés fofinhos, sentados, como que muito obedientes e que rapidamente saem da formatura quando alguém se aproxima, porque todos querem festas e atenção.

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