Fugas - Viagens

Daniel Rocha

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Férias em tempo de crise, a arte de poupar

Na capital italiana, o Panteão (conhecido por de Agripa), o mais bem preservado edifício da época romana, tem entrada gratuita, em Paris, a catedral de Notre dame está aberta a quem queira (paga-se o acesso ao museu e às torres) e a Abadia de Westminster é livre durante os serviços religiosos. Na lista de visitas grátis pela Europa incluem-se por exemplo museus de referência, como os londrinos British Museum e Tate gallery (onde são cobradas apenas entradas em exposições temporais), o parisiense Musée Carnavalet (é verdade, não é o primeiro que ocorre quando se pensa em Paris, mas oferece uma boa panorâmica da história da cidade e está localizado em dois palácios renascentistas), ou o pólo do aeroporto de Schipol do Rijksmuseum (os jardins do museu são de entrada livre).

E que dizer da vista sobre Paris da Basílica du Sacré Coeur? Torna redundante uma subida (paga) à Torre Eiffel; em Londres, o render da guarda, um dos ícones turísticos, é gratuito; e em Roma as escavações debaixo do Vaticano também o são. Claro que há monumentos incontornáveis para muitos turistas que não têm entradas grátis (pelo menos na altura da visita) e para esses é aconselhável consultar os preços na Internet - muitas vezes, se comprados online, os ingressos são mais baratos.

Claro que também gratuito é percorrer as cidades, descobrir-lhes os bairros, praças, avenidas e ruelas, entrar em mercados e descansar nos parques. E é uma boa forma de lhes chegar à alma. E falar com os habitantes uma boa forma de descobrir segredos mais ou menos escondidos - que podem esconder boas maneiras de poupar.

 
Operadores e agências: Destinos de proximidade são a principal aposta 

É incontornável: o turismo de massa (o turismo "convencional") continua dominado pelos operadores e agências turísticas que oferecem pacotes estandardizados, sobretudo para destinos de praia. E estas não passam incólumes pela crise, como refere José Manuel Ferraz, director da Agência Abreu, salvaguardando, porém, que no caso da Abreu a performance "se mantém na linha do ano passado".

O que não significa que a recessão económica não se note - a questão é que se vem notando desde 2008 e a Abreu já havia começado a "adaptar o produto" ao contexto do mercado. "O que temos feito é contratar melhores condições junto de agentes, hoteleiros e companhias aéreas, envolver todos", explica, "para apresentar produtos mais competitivos no sentido de estancar a quebra de procura". Sempre mantendo "a qualidade dos produtos Abreu" - a terminologia low cost é vista com alguma desconfiança, por estar "muitas vezes associado a baixa qualidade". "Nós somos low cost só nos preços."

E essa adaptação passou não só pelos novos preços como pela oferta de destinos de proximidade - "acreditamos que em época de retracção de consumo, os destinos curtos - de 1h30 a 2h00 - são produtos mais apetecíveis". Por isso, as operações próprias da Abreu (embora trabalhem com todos os principais operadores, têm produtos próprios, com voos charters incluídos) se distribuem por Marrocos (Agadir e Saïdia), Porto Santo e Croácia (Dubrovnik, a partir de Julho) e são os que mais os preocupam. 

Algo que José Manuel Ferraz crê que irá funcionar bem este ano é a opçao "tudo incluído", banal em destinos de praia e de que a Abreu está introduzir uma variação nos circuitos europeus. "Com as limitações económicas está a haver mais procura por preço". E quem o faz quer saber quanto vai gastar no total e não ser surpreendido no final. "É uma forma mais rigorosa de controlar os gastos de viagem".

Por isso, agora os cruzeiros, há muito uma aposta da agência, também podem ser enquadrados nas viagens low cost, considera, algo que há dez anos seria impensável. Há mais variedade - desde os de luxo aos populares - e com tudo incluído é fácil controlar os gastos, explica. A verdade é que são cada vez "mais populares".

Na Soltrópico, a "situação político-económica" foi "encarada" de forma a não se "dramatizar", explica o director de marketing, Tiago Serras Rodrigues. Por isso, no seu editorial na revista do operador, insta a que se usufrua de um pacote de férias PEC, "para esquecer a crise", para se obter um diploma FMI, "férias mesmo inesquecíveis". Para isso, continua, é necessário "aproveitar os preços especiais Soltrópico", embora, refere, os preços já estejam "mais ou menos definidos desde o início do ano" e a crise não tenha "provocado alteração da programação". A opção foi sugerir "boas férias tranquilas e seguras", "tudo o que não se sente em Portugal". 

top 6 das apostas do operador inclui a Madeira (Porto Santo é "chave"), Açores, Cabo Verde (que beneficiou do clima de instabilidade em destinos como o Egipto), Croácia (a primeira operação na Europa continental e com a opção Fly & Drive - voo, hotéis fixos em cada localização e carro para que cada um possa definir como melhor passar a sua semana), Brasil (onde a operadora voltou este ano, mas que tem ficado abaixo das expectativas) e Marrocos (não é novidade, mas este ano ano há aposta emcharters para Saïdia e Agadir nos meses de Verão).

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