Fugas - Viagens

Daniel Rocha

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Férias em tempo de crise, a arte de poupar

Têm surgido uma série de cadeias especialmente vocacionadas para o low costessencialmente urbanas, bem localizados nos centros das cidades (redes EasyHotels, Chic & Basic, Room Mate, por exemplo), mas há redes internacionais que se especializam em localizações mais próximas de aeroportos e de autoestradas. E atenção à lista de itens disponibilizados, tais como produtos de higiene (na maioria, há sabonete) - pode ser necessário levar mais do que está à espera; e aos serviços "extra" (em alguns casos estes incluem mesmo a televisão) para que a sua conta não suba. 

Quem gosta de hotéis tem em sites como Lastminute, Rates-to-Go ou Laterooms bons aliados - se tiver uma grande dose de sangue frio e em alguns casos espírito aventureiro: este é para os hotéis "secretos" (é feita uma descrição, mas só depois da reserva o cliente saberá qual o hotel em que ficará); o sangue frio é para aguentar fazer as reservas à última da hora, arriscando tudo para usufruir de tarifas mais baixas. Mas os hotéis aqui incluídos são mainstream, de várias estrelas. Em alguns postos de turismo também já é possível ter acesso a estas ofertas de última hora e aos descontos que vêm com elas - o melhor quando chegar a alguma cidade é mesmo perguntar.

Do hotel, passamos aos hostels, que deixaram de ser os patinhos feios da oferta hoteleira para passarem a investir na filosofia de barato e cool (e limpo...). As localizações são normalmente estratégicas, bem no coração das cidades, com cada vez mais cuidado na decoração e nos serviços -afinal, até já há prémios para os melhores hostels (e Portugal, Lisboa em particular, tem um currículo excelente). As escolhas podem ainda ser "confirmadas" com os comentários de outros viajantes nos vários sites de busca, como o HostelWorld, hostels.com ou o Hostel Traveler.

Porém, há todo um universo para além da oferta "convencional". O couchsurfing já se popularizou há vários anos e continua a cativar viajantes - sobretudo solitários: dorme-se no "sofá" de alguém que se conhece na comunidade baseada na Internet, com a vantagem de se ter um anfitrião local que normalmente se disponibiliza para servir de guia de viagem (é grátis, embora, por cortesia, o hóspede ofereça uma recordação, que pode ser algo do seu país ou simplesmente cozinhar uma refeição típica). Como o couchsurfing há o Hospitality Club ou o Globalfreeloaders, por exemplo.

É relativamente recente e uma opção económica - os alojamentos em casa de alguém que tenha um ou mais quartos disponíveis. Rentabiliza-os em alugueres de curta duração - o período é normalmente negociável - em comunidades online, como AirBnB ou Crashpadder, onde são listadas as ofertas e tudo funciona na base das referências deixadas por visitantes anteriores. Dependendo do anfitrião, pode ter direito a extras, como pequeno-almoço (ou só o café ou chá, por exemplo) - e pode também vivenciar o local de forma mais orgânica, como se fosse mais um habitante. Os preços são muito acessíveis e há localizações para todos os gostos (até em Times Square). 

Se a estadia for mais longa e se quiser mais privacidade, o aluguer de apartamentos ou casas é uma opção a considerar. Sobretudo em grandes cidades, há toda uma indústria de arrendamentos turísticos temporários que normalmente ficam mais em conta do que os hotéis - sites como o Homelidays, Media Férias ou Villanao podem ser bons pontos de partida para uma busca.

Uma opção mais radical é a "troca de casas" - pressupõe uma confiança total na outra metade deste intercâmbio, pelo que se aconselha um contacto prévio bastante antecipado, para se construir a relação de confiança. O pressuposto é "trata a casa que ocupas como se fosse a tua" - e quem diz casa diz carro, bicicletas, electrodomésticos, livros, tudo o c que uma casa engloba (claro que se podem impor limites). Quem está disposto a ocupar uma casa estranha tem de estar disposto a deixar a sua casa ser ocupada por estranhos - normalmente, quem o faz mais são os profissionais liberais. O alojamento fica a preço zero, bem entendido, e a interacção local no destino de férias aumentará bastante. Este serviço funciona através da internet e é preciso inscrição e pagamento de uma anuidade nos sites que o proporcionam - como o Home Exchange ou o Home Link.

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