Fugas - Viagens

  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta

Esta praia é rodeada de montes por todos os lados

Por Andreia Marques Pereira

Com 800 quilómetros de costa, Portugal tem agora uma praia bem longe dela. Em Mangualde, fomos à Live Beach, pusemos os pés na areia, mas não entrámos na água - salgada.

"Pensei que ia encontrar um arzinho de mar e pensava "como vão trazer o mar para aqui?" A areia sei que veio em camiões...", brinca Maria Otália Garcia. Não há ar de mar, porque há limite para simulações: Mangualde continua a cem quilómetros da costa e, quem vem de Coimbra, como Maria Otália, até fica mais distante do mar. Na Live Beach de Mangualde o mar é uma piscina salgada e o areal uma encomenda.

Falta pouco para as onze da manhã, é feriado, o sol já queima e há fila para entrar na Live Beach. Entra-se na praia como se entra num recinto de festival, com os seguranças, a gravilha e as tendas que ladeiam a "avenida" principal - esta a querer dar ares de "cidade à beira-mar, ao Sul". Mas mais à noite: por enquanto estão quase todas fechadas (brancas, de tecido e inspiração árabe), quando abrirem estarão cheias de artesanato, sobretudo, mas isto já é Rui Braga, administrador da Live It Well Events, a empresa responsável pela primeira praia artificial do país, quem conta. A única já aberta é a Concha, que é a loja oficial. As tasquinhas também ainda não despertaram, mas mais à frente, as food boxes já mexem - oferecem à vez sopas, pizzas, hambúrgueres, baguetes e saladas (entre €2,50 e €5,50, incluindo menus) - e o restaurante à carta espera clientes (menu do dia a €7,50).

"Isto é um bar, para mais logo", ouve-se. "Isto" é a praça da restauração - com uma semana de funcionamento quando a Fugas passou por lá (abriu a 15 de Junho), a Live Beach de Mangualde é ainda uma área por explorar. Quando damos de caras com uma fila de toalhas alinhadas para o bronzeado, mesmo ao lado da cadeira do nadador salvador (há dois), percebemos que parte do grupo foi em busca de local para almoçar. Os homens. "É a primeira vez aqui", diz Daniela Félix, 40 anos, uma de entre as 17 pessoas (quatro famílias) vindas de Tarouca. "São bons momentos de água, praia, areia, música", afirma a amiga, Isabela Pinho, 39 anos. "Boa vida", resume.

Chegaram "pelas notícias na televisão", contam, e como elas quase todos. "Nós colocámos Mangualde no mapa", afirma Rui Braga. Não foi à toa, a escolha de Mangualde. Está no distrito de Viseu, que é o mais populoso do interior. Esta praia não está, aliás, na capital de distrito porque a autarquia não respondeu em tempo útil. Mangualde fica no distrito e as negociações foram céleres. "O que pedimos, em traços largos, foi a cedência do espaço, o saneamento básico, o fornecimento de água e electricidade e a limpeza", explica Rui Braga, "as infra-estruturas construídas por nós ficam na posse autarquia e criámos 67 postos de trabalho sazonais". Nos próximos seis anos, o tempo de duração do contrato, "a Live Beach é inquilina da câmara de Mangualde".

Em três meses, o espaço feito de pedras no sopé da Nossa Senhora do Castelo foi revolvido para nascer como uma espécie de oásis (menos as palmeiras, que existem mas são poucas), entre horizonte de montes verde-seco a perder de vista e uma intromissão de azul-turquesa que acaba logo ali, embora queira dar ideia que se prolonga. Este último é o "cenário" do mar - ambos artificiais: um é pintura, o outro é piscina - e para se chegar aí, pés na areia, finíssima, com instruções à entrada do areal, junto de escorregas: proibido escavar na areia (45 centímetros de altura), mergulhar, lixo no chão e menores de 12 anos sem acompanhamento.

--%>