Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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O economista que acabou o mundo

Irão, 2005
Se a ideia que se tem do Irão é de "violência, perigo e mulheres maltratadas", o mais viajado português garante que "a realidade não é nada disso". Em 2005, rendeu-se à simpatia e hospitalidade dos iranianos, que, "embora ostracizados, não sentem ódio nenhum pelos americanos ou europeus", denunciando "elevação de espírito" suficiente para "distinguirem entre os políticos e os povos".

Iémen, 2011
João Paulo Peixoto esteve este ano preso no Iémen, onde as autoridades desconfiaram da extensa lista de carimbos do seu passaporte, mas a situação resolveu-se após uma noite de cárcere e o que "na altura não tinha graça nenhuma" é agora "uma boa história para contar". A essa há que acrescentar, contudo, vários relatos sobre a arquitectura local, as ilhas do país, a "fantástica simpatia árabe", a "comida fabulosa" e até a Kalashnikov que o português aprendeu a manusear para participar na salva de tiros de um casamento iemenita.

Birmânia, 2009
"Temos a mania que nos países autocráticos toda a gente vive infeliz, mas na Birmânia as coisas são ainda piores do que no Irão e as pessoas estão bem, tranquilas e seguras", garante João Paulo Peixoto, que lá esteve em 2009, quando se rendeu à cultura e monumentalidade do país, e também à vivência "tradicional e pura" das suas gentes.

Paquistão, 2010
"Muito parecido com a Índia", o Paquistão de João Paulo Peixoto é o das cheias de 2010, o que lhe permitiu um contacto mais profundo com a comunidade local. Ajudou os refugiados com trabalho físico, apoiou algumas famílias com dinheiro que um ancião distribuiu por quem mais precisava e gravou e fotografou "tudo, como se fosse um jornalista". "Com 50 euros eles sobreviviam um mês", recorda, "e foi a intensidade daqueles dias que me marcou".


Carimbo mais desejado

"Não há." Depois de visitados os 193 países reconhecidos pela ONU e ainda os 11 considerados independentes, João Paulo Peixoto quer apenas "repetir os carimbos" daqueles em que já esteve, mas onde ainda tem "muito mais para conhecer".

Bilhete de identidade

João Paulo Seara Sequeira do Vale Peixoto nasceu em Braga, a 23 de Março de 1964. Muitos conhecem-no como o português mais viajado; alguns chamam-lhe "A Besta" - desde que, há uns anos, enviou do Montenegro uma mensagem de telemóvel em que dizia isto aos amigos: "Hoje sinto-me como uma besta e vou dar cabo desta cidade." Pai de duas meninas de 16 e 13 anos, tem também um rapaz com 15 e outro mais novo, com cinco, que, em homenagem ao país onde foi "concebido", esteve quase para chamar-se "Pedro de Brunei", não fossem as "esquisitices selectivas" do Registo Civil.

A sua primeira viagem foi a Vigo, para compras; depois muitas a França, para onde  o seu tio se mudara depois  de "fugir à tropa"; e daí seguiu-se a Bélgica, onde o mesmo tio acabou por casar. Só depois é que os destinos começaram a diversificar-se, de forma que, aos 30 e poucos anos, João Paulo Peixoto acumulava já a visita a uns 50 países, entre os quais os Estados Unidos e a China ressaltam como os mais frequentados.

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