Atravessa-se um enorme pórtico construído em 1940, por ocasião da Exposição do Mundo Português, e está-se no chamado jardim oriental. Um pagode com bancos para descansar e pequenas pontes sobre um riacho que serpenteia por entre bambus e hibisco chinês remetem-nos para a Ásia. Aqui, ao contrário do resto do jardim, tudo tem dimensões minúsculas, qual Portugal dos Pequenitos oriental. Em vez de avenidas, há pequenos caminhos pedregosos - e o visitante, depois de se ter sentido encolher entre as árvores gigantes que povoam todo o recinto, transformado em anão, faz agora de Gulliver. Antes de se chegar ao palácio seiscentista dos Condes de Calheta, onde está patente uma exposição sobre as missões científicas nos trópicos desde 1883, ainda há tempo para passar pela zona dos cactos. Escoltam-nos um par de bustos africanos - da colecção dos 14 que, espalhados pelo jardim, compõem a chamada Galeria dos Povos do Império. Porque este é mesmo um local de excepção, e merece ter quem o guarde.
Jardim Botânico Tropical
Largo dos Jerónimos
Lisboa
Tel.: 21 360 96 60
Email: jbt@iict.pt
www2.iict.pt/jbt
Horário de Verão: de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 18h00; sábado e domingo, das 11h00 às 19h00.
Horário de Inverno: de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 17h00; sábado e domingo, das 10h00 às 17h00.
Preços: adultos: 2€; dos 12 aos 18 anos e maiores de 65 anos: 1€.
Parque do Monteiro-Mor
Jóia bem guardada
Para lá dos muros fica a selva urbana. Na temível Calçada de Carriche os carros bufam sem parar à medida que avançam pelo túnel de prédios que marca a fronteira dos subúrbios. No meio do cenário apocalíptico há uma aldeia que resiste. Quase desaparecido, o velho Lumiar das azinhagas alberga palácios que muitos nem suspeitam. Encravado entre dois deles, o Museu do Teatro e o Museu do Traje, esconde-se uma jóia bem guardada: o Parque do Monteiro-Mor. A sua frondosidade não deixa ninguém indiferente, diz o Guia dos Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa, que o considera um dos mais belos espaços verdes da cidade. Mandado plantar no final do século XVIII, a zona ajardinada deve o seu esplendor aos botânicos e jardineiros famosos que por aqui foram passando, como o italiano Domenico Vandelli, director dos jardins botânicos da Universidade de Coimbra e da Ajuda. Só em 1976 a quinta foi comprada para fruição pública. Depois, entre 1983 e 1987, foram plantadas centenas de árvores no bosque.
A reconversão durou uma década, e manteve as características barrocas e italianas da zona do jardim, que não poderia ser mais romântico: lagos, fontes e estatuária de pedra, tanques e cascatas enleados em fetos, com os diferentes níveis separados por escadarias. E árvores, gigantescas e centenárias. Para se chegar à parte menos domesticada do parque é preciso caminhar um bom bocado. Na densa mata de carvalhos e choupos há uma vasta área de pinheiros, um dos quais é tido como dos maiores de Lisboa. Entre o arvoredo corre uma ribeira, que se atravessa cruzando pontes de madeira. Este é um sítio privilegiado para a observação de aves, refere o mesmo guia: podem observar-se dezenas de espécies. A variedade de paisagens ao longo dos 11 hectares do parque é impressionante. Da mata cerrada passa-se para um grande prado aberto rodeado de árvores. Aqui e ali esculturas contemporâneas pontuam, com a necessária contenção, os diferentes ambientes.