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Somos todos eurodeputados na sala de visitas da Europa

Trinta desses prédios centenários estão classificados, incluindo três com a assinatura de Victor Horta, figura tutelar da Arte Nova belga. O destaque vai, no entanto, para a casa Saint-Cyr (nome do artista que a encomendou ao arquitecto Gustave Strauven), um dos edifícios mais contorcidos e extravagantes alguma vez construídos nesse estilo.

Fica a dois passos dessa espécie de cortina de tédio que é Berlaymont, a sede da Comissão Europeia. A combinação da fantasia das casas Belle-Époque com o cinzentismo das instituições e os abismáticos buracos agora cavados para construir mais formam uma paisagem surreal. Algo inquietante, sem dúvida, mas nem por isso menos estimulante no quadro dos debates sobre os destinos europeus.

A colagem paisagística do alto arvoredo do Parque Léopold com o Parlamento propriamente dito e um par de vivendas antigas, ainda habitadas pelo meio - gente que resiste à invasão europeia com a bandeira belga à janela - é outra visão espantosa que dá pano para mangas em termos de debate europeu. A convivência (forçada) do Bairro Léopold com o Bairro Europeu não prima certamente pela harmonia, mas funciona como um quebra-cabeças cultural que merece ser explorado, sobretudo agora que a União parece caminhar para o precipício.


Bruxelas exótica

O alto do Parque Léopold acolhe dois museus formidáveis, até aqui um pouco fora de circuito. O Museu das Ciências Naturais é um edifício que começou por ser construído em finais do século XIX, nas imediações do lugar onde antes havia um jardim zoológico (a colecção inclui o elefante embalsamado do antigo zoo). O museu veio a ser ampliado, logo em 1905, para acolher aquela que se tornou na sua principal estrela: a galeria dos iguanodontes (gigantes herbívoros, rondando as 4,5 toneladas), descobertos um quarto de século antes por uma equipa de mineiros em Bernassart.

A galeria, que tem 300 m2, foi recentemente restaurada na sua arquitectura original, mas com uma nova jaula de vidro, onde se exibem dez esqueletos inteiros de iguanodontes, em duas ou quatro patas. O chão é também envidraçado, permitindo já vislumbrar no piso inferior mais onze esqueletos apresentados na posição em que foram primeiro encontrados. Para além de fósseis e esqueletos de dinossauros, o museu rebobina a história da evolução através de uma colecção que integra 37 milhões de espécimes, incluindo 11 milhões de insectos e 10 milhões de conchas, o que a certifica como a quarta mais importante do mundo.

O Museu das Ciências Naturais de Bruxelas é notável, mas corresponde mesmo assim a um figurino replicado pelo mundo fora. Já o vizinho Museu Wiertz é único, um verdadeiro exclusivo de Bruxelas. Antoine Wiertz (1806-1865) foi um pintor, escultor e escritor fortemente excêntrico, que conseguiu convencer o então ainda jovem estado belga a financiar este estúdio-museu, contra a oferta póstuma do conjunto das suas principais obras - esse contrato é, aliás, a primeira bizarria. De resto, para evitar alienar as suas principais criações, Wiertz ganhava a vida aceitando encomendas de retratos.

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