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Um arco-íris de carnavais brasileiros

No centro de Olinda não há avenidas largas, mas um colar de ladeiras sulcadas por ruas empedradas, muitas vezes estreitas e tortuosas. Mal arranca o programa de festas são como o metro em hora de ponta e é frequente os cortejos andarem no empurra do para cá e para lá, demorando uma eternidade para avançar meia dúzia de metros. Um impasse que, já se sabe, também faz parte da brincadeira. Os banhos de multidão justificam-se por outra peculiaridade que o evento tem vindo a ganhar nos últimos anos: as férias de Carnaval são a altura que muitos pernambucanos disseminados pela diáspora escolhem para voltar a casa, convertendo Olinda num grande ponto de (re)encontro, meio programado, meio fortuito. Reúnem-se as famílias, reveêm-se paixões e compinchas de longa data e isso é já meio caminho andado para fazer a festa.

Ao longo da quadra desfilam cerca de 500 agremiações e troças, que são agremiações mais curtas - grupos de amigos que entretanto vão crescendo e podem chegar aos 300 filiados. Dão sobretudo nas vistas os chamados "blocos debochados", caso por excelência do bloco Enquanto Isso na Sala de Justiça, que lidera os folguedos de domingo com toda a gente vestida de "super-qualquer-coisa", desde Super Homem a supermercado. Outro ponto alto é o Encontro dos Bonecos Gigantes, que na Terça-Feira Gorda invadem as ruas do centro histórico. Os bonecos são feitos de modo artesanal com o corpo em fibra de vidro e a cabeça e as mãos em esferovite. Têm em média dois metros de altura (cerca de quatro quando erguidos) e podem pesar até 50 kg.

O gigantone mais antigo a sair à rua é o Homem da Meia-Noite, criado em 1932. Cabe-lhe abrir oficialmente o Carnaval de Olinda de chaves da cidade em punho, enquanto o seu bloco arrasta uma multidão na ordem dos 400 mil. A tradição dos Zés-Pereiras é anterior ao Homem da Meia-Noite, mas só ganhou a ribalta nos anos 80 e hoje há mais de uma centena de bonecos a desfilar nas ruas da cidade durante o período carnavalesco. Essa recente profusão de gigantones tem muito a ver com o culto mediático da celebridade, uma vez que políticos e outras figuras públicas locais ganharam o hábito de encomendar duplos XL de si próprios aos melhores artesãos locais, para depois poderem desfilar ao seu lado pelas ruas. É um seguro motivo de orgulho, mesmo se a exposição pública conduz fatalmente a piadas trocistas, como manda a lei do Rei Momo.

Carnaval irreverente por vocação, o evento de Olinda também não respeita o calendário convencional, oferecendo como pico suplementar a quarta-feira de Cinzas. É nessa manhã que desfila o bloco Bacalhau do Batata, criado em 1962 por um garçon que por razões profissionais só podia festejar depois de os outros voltarem a casa. A resposta da cidade vizinha surgiu sob a forma dos Irresponsáveis de Água Fria, agremiação que agora comemora trinta anos de existência. Desfilam na Zona Norte do Recife com sete trios eléctricos e três carros alegóricos, arrrastando para cima de 250 mil.


Folias campestres

O Carnaval contagia todo o estado de Pernambuco, mas os rituais de folia são muito diferentes nas cidades do interior. Os Entrudos rurais são em geral mais tradicionais, menos comerciais e, pelo menos num par de casos, realmente únicos. Para o turista oferecem a mais-valia de abrirem a porta a um Brasil profundo e a uma demografia campestre com que, de resto, dificilmente contacta. Recomendam-se, assim, como alternativas ou complementos às festas de Olinda e Recife, até porque os melhores ficam a uma hora ou menos de carro dessas cidades litorais.

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