Fugas - Viagens

  • Madrid. Chueca, coração gay da capital espanhola
    Madrid. Chueca, coração gay da capital espanhola Nelson Garrido
  • Diogo Vultos
    Diogo Vultos DR
  • Momento Arraial Pride, na Praça do Comércio, em Lisboa
    Momento Arraial Pride, na Praça do Comércio, em Lisboa DR/Arraial Pride
  • Lesboa é uma das grandes atracções LGBT da capital portuguesa
    Lesboa é uma das grandes atracções LGBT da capital portuguesa DR/António Courinha/Lesboa

Continuação: página 2 de 3

A agência portuguesa para os viajantes gays

Se Lisboa e Porto são, por excelência, os principais destinos LGBT em Portugal, já os turistas gay portugueses preferem, recorrentemente, a Europa mediterrânica. Diogo Vultos traça um perfil-exemplo: "Tem à volta de 38 anos, pede um fim-de-semana, por exemplo em Roma, e fica hospedado numa guest house exclusivamente gay, no centro da cidade. Quer um cartão dourado que lhe permita a entrada em todas as discotecas gay". Para os que pretendem paragens mais longínquas, Brasil, México e Estados Unidos são destinos de topo.

Já o turista estrangeiro, regra geral, explica Vultos, nunca fica em terras lusas por menos de sete noites, tão pouco se contenta em conhecer apenas a capital, também quer conhecer o Porto. Outro pefil-exemplo: "Vem do norte da Europa e tem à volta de 27 anos. Fica instalado no Sheraton de Lisboa e adicionamos-lhe um percurso pela noite com um guia certificado", completa. 


Double income, no kids

Existem "extravagâncias específicas", quando o assunto é este nicho de turismo que, à semelhança do turismo de luxo, assegura Vultos, não foi afectado pela crise. Antes da concretização deste projecto, este profissional analisou o mercado e deparou-se com "diferenças demasiado grandes para simplesmente fecharmos os olhos". Enquanto um casal heterossexual gasta, em média, 100 dólares em extras (cerca de 76 euros), durante uma viagem, a pesquisa realizada no mercado norte-americano mostra que as mesmas despesas de um casal homossexual rondam os 800 dólares (cerca de 609,50 euros). Regra geral, são gastos feitos em diversão nocturna, spas, entre outros serviços de topo que fazem disparar os valores. O grande mote do turismo gay visto pelo mercado é, internacionalmente, "double income, no kids", isto é, "dois salários, nenhum filho"...

Regra geral, refere Vultos, são "pessoas com um elevado nível de cultura e escolaridade e que procuram outro tipo de tratamento". Os padrões de procura que a Be Out regista falam por si - hotéis de quatro e cinco estrelas, aventuras com uma pitada de programação cultural, vontade de passear pela cidade e viver a movida nocturna.

Em Portugal, em 60 hotéis considerados, o mercado de turismo LGBT valerá já cerca de 1,5 milhões de euros por ano. Mesmo assim, há barreiras que continuam por transpor. "Criar uma comunicação e um marketing específico para este mercado é imã das lutas que estamos a travar com o Turismo de Portugal", revela. Até porque o turista gay não integra os mercados-alvo do Turismo português.

Afinal, o que é que têm grandes cidades europeias, como Madrid, Amesterdão ou Berlim, que são grandes destinos gay, que Lisboa e Porto não possam ter? "A meu ver, mais perfeito que Portugal, em toda a Europa, não existe. Somos hospitaleiros, com uma vida nocturna muito activa, excelentes restaurantes e cultura", defende Diogo Vultos. A legalização do casamento entre pessoas do memo sexo, eventos como o Arraial Pride ou as festas Lesboa (maior festa lusa sazonal dedicada à comunidade LGBT) também projectaram Portugal como um destino mais apetecível para a comunidade.

--%>