A viagem do naturalista tinha como objectivo completar o levantamento cartográfico da Patagónia e da costa da Terra do Fogo, Chile, Peru e de algumas ilhas do Pacífico, tendo sido realizada entre 1831 e 1836. Durante a expedição, Darwin realizou observações detalhadas e recolheu diversos espécimes que desencadearam as ideias contidas n’ "A Origem das Espécies" (1859). A obra mudou a história da Humanidade. Agora, no Museu da Ciência de Coimbra, os mesmos locais são revistos por um olhar do século XXI. Com as suas fotografias, Cadilhe – que já em 2008 apresentara neste espaço outra mostra fotográfica, então dedicada a seguir os passos de Fernão de Magalhães – convida-nos “a ser também viajantes e a deixarmo-nos transportar”.
Inicialmente planeada para 2009 (ano da comemoração do bicentenário do nascimento do cientista e dos 150 anos da publicação da sua obra-prima), só agora, porém, a mostra pode ser apreciada. É uma rota evolutiva traçada pela objectiva de Cadilhe, do Brasil ao Uruguai e Equador, do Chile à Argentina – com particular e natural destaque para a Terra do Fogo e Estreito de Magalhães e, obviamente, a Patagónia que, como diz, Cadilhe cada um “traz dentro de si”
Segue-se do Cabo da Boa Esperança à Austrália onde, refere o autor, sentiu que a “presença humana é ainda uma concessão da paisagem”. “Para te sentires minúsculo e efémero basta conduzires vinte minutos para fora de qualquer cidade”, diz. Continua-se pela Polinésia, Tasmânia, Nova Zelândia, Argentina ou Galápagos.
Embora o objectivo das viagens de Cadilhe fosse, precisamente, recolher experiências pessoais para os seus livros, a exposição torna-se uma real viagem visual do percurso de Darwin.
“Iguanas marinhas? Tartarugas gigantes? Pinguins do Equador? Que razão e causa há em tudo isto? Sabe-se lá. Darwin tentou saber”. E é essa sede de conhecimento que continua a impulsionar Cadilhe à viagem, após tantos milhões de quilómetros percorridos e dezenas de reportagens e livros publicados. Viajar continua a servir “para crescermos, para nos confrontarmos. É um investimento”, resume o autor.
A entrada na exposição, que pode ser visitada até 31 de Maio, é livre.
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