Kiev, a porta da Ucrânia
O Hotel Slavutich ergue-se na margem esquerda do rio Dniepr, em Kiev (Kyiv em ucraniano), como mais uma das inúmeras memórias vivas (neste caso, habitáveis) da União Soviética que é possível encontrar na Ucrânia. Após umas horas de repouso num quarto que permitia chegar a algumas conclusões seguras sobre o fim do comunismo, estava pronto para a minha primeira experiência de encantamento. Fundada no século V, Kiev cresceu como um entreposto na rota fluvial usada pelos varegues, vikings que desceram pelos rios do mar Báltico até ao mar Negro. Na Primavera, quando chegava o degelo, esses barcos largavam de Kiev rumo a Constantinopla. Para a compreender a cidade, portanto, é preciso começar pela relação que estabelece com o Dniepr (...)
Lviv, a cidade dos cinco nomes
Lviv parece uma emanação do império austro-húngaro que sobreviveu ao tempo. Desde o século XIV que a multiculturalidade é o factor dominante da mais europeia das cidades ucranianas. Mas o século XX foi bem menos tolerante do que os anteriores. Quantos nomes pode ter uma cidade? Quando falamos de Lviv, a cidade mais ocidentalizada da Ucrânia, a diversidade de nomes reflecte bastante mais do que os vários impérios que governaram a cidade desde que o rei Danilo I da Galícia a fundou, dando-lhe o nome do seu filho, Lev, em meados do século XIII. Delphine Bechtel, uma investigadora que estuda as cidades multiculturais da Europa Central e de Leste, chamou-lhe a "cidade das fronteiras incertas". E identificou os cinco nomes diferentes que a designam: Leopolis (latim), Lemberg (alemão), Lwów (polaco), Lvov (russo) e Lviv, a designação actual, (ucraniano). (...)
Kharkiv, à sombra da memória de Lenine
Foi a primeira capital da Ucrânia soviética e esmaga-nos com as avenidas e praças de enormes dimensões. Estamos a dois passos da Rússia e a memória do comunismo não é para deitar abaixo. Mas nem tudo é linear na cidade das grandes perspectivas. Antes de mais, a cidade de Kharkiv fala de si mesma através do espaço. Logo no centro, está a Praça da Liberdade (Praça Svodoby). É uma das maiores da Europa e no centro, a dominá-la, está uma estátua de Lenine. Tem mais de 700 metros de comprido e cerca de cem de largura. Atrás da estátua, enfrentam-se, em cada lado da praça, dois prédios também eles descomunais. (...)
Donetsk: Minas, camaradas e oligarcas
A cidade dos oligarcas que dominam a Ucrânia nasceu em 1872. A sua história é contada por três homens mas as minas de carvão e as fábricas são a verdadeira marca da cidade. Isso e o futebol. Estão 25 graus, um inesperado calor de Primavera que torna mais sufocante a viagem por entre o trânsito caótico, os dormitórios degradados, as lojas enfiadas numa espécie de pequenos barracões à beira das ruas como as que existem por todo o país. Chegados ao centro, tudo muda de figura (...)
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