A partir daqui, Abel Cardoso e Victor Vilaça têm que conduzir as suas duas motos em direcção ao Sul. Pelo meio, decidiram passar por dois lugares de Itália que queriam conhecer. Por influência do primeiro, vão contornar a costa da Ligúria, conhecendo as Cinque Terre viradas para o Mediterrâneo. O segundo vai aproveitar para visitar, pela primeira vez, a cidade de Nápoles e as ruínas da cidade romana de Pompeia. A viagem só termina, porém, no extremo da península itálica, em Reggio-Calabria, que também é CED em 2013.
Aí, os dois vão atravessar o estreito de Messina para a Sicília, viajando directamente para Palermo, onde apanharão um barco para Civitavecchia, em Roma, e daí para Barcelona. É pela Catalunha que será feita a entrada na Península Ibérica onde, não muito longe da capital da região, está a CED Castelldefels, uma pequena cidade (60 mil habitantes) conhecida sobretudo pela sua praia.
Há mais duas cidades espanholas na rota de Victor Vilaça e Abel Cardoso. Primeiro, Lorca, na região de Múrcia - cidade que foi atingida por um sismo em 2011 e que usou a CED para recuperar alguma da auto-estima daquela população -, seguindo-se Estepona, outra estância de sol e praia, na costa Sul, perto de Málaga.
A 15 de Agosto está previsto o regresso a casa, depois de cerca de sete mil quilómetros pelas estradas de Portugal, Espanha, França e Itália. Quando voltarem, vão organizar uma exposição com fotografias, desenhos e textos motivados pela viagem, que vai poder ser vista, no final de Setembro, no espaço da Guimarães 2013 num centro comercial da cidade.
Em busca de Portugal
A paixão de Abel Cardoso pelas motos, "vem de miúdo", mas só em adulto pôde ter a sua primeira máquina. Depois disso, integrou um conjunto de aficionados das duas rodas que, todos os domingos, se encontra em Guimarães, partindo pelas estradas da região. Quando entrou no grupo, lembra-se de, a cada encontro, ouvir alguém dizer que seria interessante fazer uma viagem maior. "Pelo menos sair dos limites do país", conta. Mas nunca o concretizaram. Até que, em 2006, Abel encontrou o parceiro ideal, Vitor Vilaça, 20 anos mais velho. "Desafiei-o para irmos até aos Picos da Europa (Espanha) e essa viagem abriu-nos os horizontes", recorda.
Desde então têm viajado juntos, todos os anos, sempre nas férias. A primeira experiência acabou por dar lugar a um projecto mais alargado que tem África como ponto central. Nos cinco anos seguintes foram quatro vezes em busca de locais que guardam vestígios da presença portuguesa no continente durante os Descobrimentos. "O nosso objectivo é conhecer, estudar e dar a conhecer o património português que está presente em África", conta Abel Cardoso.
"Se calhar todos sabemos que Gil Eanes passou o Cabo Bojador em 1434, mas será que sabemos como é o cabo?", questiona. Abel e Victor sabem. Porque ali foram, em 2009, numa das suas viagens. Dois anos antes, tinham tido a primeira incursão em território africano com um percurso pelas praças fortes quinhentistas na costa de Marrocos, entre Tânger a Agadir. Em 2010, na mais longa expedição dos dois motards vimaranenses, partiram em direcção a Mascate, uma enseada no sultanato de Omã, cruzando todos os países do Norte de África e, um ano depois, houve uma viagem até Ouadane, uma feitoria portuguesa no Sara.