Os visitantes vivem tudo isto estando sentados em veículos com um sistema inovador de tracção, sem carris. Como se deslizassem no gelo. A pensar nas famílias, a lotação de cada ratmobile é de seis pessoas. Deslocando-se em grupos de três veículos, cada um deles fará um percurso diferente. Assim, pode repetir-se a viagem e ser-se surpreendido por novas circunstâncias. (Dica: os lugares do meio são os que proporcionam emoções mais fortes.)
Sem querer desvendar tudo o que se lhe pode deparar, fique atento aos cheiros, às mudanças de temperatura e à abertura de garrafas de champanhe… Não se admire se sentir frio quando encontrar um frigorífico aberto ou calor junto ao fogão. É tudo muito rápido, mas intenso.
Num ratmobile que deslizava por perto, duas crianças de seis, sete anos espantavam-se, encolhiam-se, assustavam-se e riam-se divertidas. Uma alegria contagiante. Chegaram ao fim bastante animadas e logo deram a volta ao recinto para outro embarque e nova aventura multissensorial.
Quem não ficou muito entusiasmada foi a pequena Alice, com quase três anos e um discurso claro. “Tive medo” e “molharam-me as bochechas”, disse à Fugas quando já estava mais tranquila. Foi a sua primeira experiência com óculos 3D e apanhou um grande susto. Pouco depois, o assunto estava esquecido e no dia seguinte parecia nada ter-se passado, até porque a aventura maior tinha entretanto acontecido: andar no Faísca, a atracção do Walt Disney Studios a partir do filme Carros.
“Ele andava muito depressa e às voltas e não tive medo. O Faísca é vermelho”, foi dizendo a menina, enquanto provava deliciada o que pai lhe ia pondo pacientemente no prato: salada, legumes, peixe, carne, queijo ou azeitonas. Uma genuína gourmande, sempre com um laço na cabeça e vontade de conversar. Identificava, certeira, muitas das personagens dos cartazes dispersos pelo parque e chegou a perguntar pelos Marretas! Mais uns aninhos e irá adorar a atracção Ratatui.
É preciso alguma “maturidade” para não se estremecer perante um presunto com mais de seis metros de comprimento ou frente a um peixe com 7,5m de altura. Adereços gigantes que pesam, respectivamente, 1,2 toneladas e 750kg. Já para não falar no que tem de sinistro perceber que se está a ser observado a todo o momento não se sabe bem por quem. São “apenas” 49 pares de olhos de ratos escondidos na atracção.
O que pode ser mágico, encantador e divertido em certas idades pode não resultar noutros níveis etários. Difícil, difícil será esta atracção não agradar a adultos, sobretudo aos apreciadores de gastronomia e aos curiosos sobre o que aos bastidores de um restaurante diz respeito.
Sigamos então para um dos 370 lugares à mesa do Bistrot Chez Rémy. Quem diz mesa diz tampa de pote de marmelada gigante, rodeado por cadeiras construídas com base nas protecções metálicas das rolhas das garrafas de champanhe e com os pés a imitar aquele “açaime” que não permite que a rolha salte. Também há bancos enormes de cortiça com a forma arredondada das rolhas.
Isto porque o restaurante de Rémy continua a brincar com a nossa noção de escala, já posta à prova na viagem em ratmobile. Tudo é descomunal na decoração da sala, dos chapéus de cocktail em tamanho XXL aos enormes pratos e talheres que separam as mesas e decoram as paredes, ou do frasco de pimenta que ultrapassa quem mede 1,72m aos livros de culinária que parecem torres. Definitivamente, os clientes são reduzidos à condição de ratos (não é metáfora, é escala).