O Palácio do Governador está a meio da rua principal e tem ainda sobre a porta as armas de Portugal. Aí nasceu António Sérgio. E junto da entrada do mar está a casa onde viveu Bocage. Terminamos a visita em amena conversa com Noémia de Costa, que prepara as festas religiosas na igreja de Nossa Senhora dos Remédios em Damão pequeno e sente-se feliz por poder usar connosco o seu fluente português…
Vindos de Damão, chegamos a Baçaim. Alguém disse maravilhado: “Esta é a nossa Pompeia.” A glória da cidade coincidiu com o período entre 1535 e 1739, a partir da capitania de Garcia de Sá. É uma estrutura fantasma, como se os habitantes tivessem abandonado a povoação deixando intacto o seu tecido urbano, invadido pela floresta. Foi uma cidade próspera e muito salubre que nasceu e morreu com os portugueses. Como em Damão, temos um planeamento reticular, apesar de irregular e mais amplo. A praça é também da autoria de João Baptista Cairate e ao contrário de Damão as cérceas das casas dentro das muralhas podiam ultrapassar a altura destas.
Há dez baluartes e são visíveis os restos de cinco conventos (além das de Damão, a ordem hospitaleira de São João de Deus). O único santo indiano nasceu em Baçaim – São Gonçalo Garcia, OFM, mártir do Japão. A cidade foi arrasada por um terramoto (1618) e totalmente reconstruída. A igreja mais antiga é a de Nossa Senhora da Vida, mas há ainda a do Sagrado Nome de Jesus, fundada por São Francisco Xavier.
Se Baçaim é um deslumbramento, Chaul reserva-nos também uma surpresa. O forte foi também deixado em 1739, quando os maratas ocuparam os territórios do norte e o sistema de defesa obedece às estruturas inexpugnáveis com modelo de Mazagão… Chegados a Bombaim, presenciamos milhões de pessoas nas ruas a lançar as imagens de Ganesh nas águas e terminamos a peregrinação no Bairro português de Mazagão, onde os descendentes de portugueses nos recebem principescamente, como se estivéssemos em Goa ou em Lisboa… Inesquecível.
Guilherme d’Oliveira Martins escreve ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico
Na senda de Fernão Mendes-Percursos Portugueses no Mundo é o título do livro de Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, que vai ser brevemente lançado. Trata-se de um livro de viagens onde se relatam “diversas peregrinações” feitas no âmbito do ciclo Os Portugueses ao Encontro da Sua História, organizado anualmente por aquele organismo. A obra é editada pela Gradiva.