Mas primeiro há que alugar um carro.
- Estamos cheios. Vá ver ali ao lado, talvez consiga.
- Tem reserva?
- Para hoje já não temos nada. Talvez amanhã.
- Infelizmente não temos. A maior parte das pessoas trata de tudo com antecedência... Espere. Tenho um que vai ser entregue agora, mas não vamos ter tempo para limpar. Não se importa? Pode entregá-lo ao final do dia. Deixa ali naquele parque.
- E a chave?
- A chave pode ficar no porta luvas, ou na ignição. O que é que o ladrão pode fazer? Andar às voltas? Aqui ninguém se pode esconder.
Desta vez não houve tempo para andar às voltas, se bem que um dia seja suficiente para dar a volta à ilha. E, ao contrário do Faial, fica a sensação de que, aqui sim, nos poderíamos esconder eternamente. Pelo nevoeiro que resolveu levar consigo grande parte do horizonte; pela dimensão — é a segunda maior ilha do arquipélago, logo depois de São Miguel, com uma área de 447km2, 42 quilómetros de comprimento e 20 quilómetros de largura; pela própria geografia. A cor, a arquitectura, o chão, a paisagem, o horizonte, a musicalidade é outra.
Aqui (e agora) é o canto das baleias quem marca o ritmo — o último cachalote terá sido caçado em 1987, na vila de Lajes do Pico —, canto que todos os anos chama até si milhares de pessoas. Baleias e golfinhos, sendo possível encontrar mais de vinte tipo de cetáceos diferentes. São um dos grandes tesouros da ilha, juntamente com a sua vinha, as tais “videiras enfezadas” que brotam do solo vulcânico e que em 2004 foram classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO.
O Pico? O Pico não é bem um tesouro. É apenas uma montanha alta e íngreme pousada sobre a água, uma estátua erguida até ao céu, natureza viva que todos os portugueses deveriam ter o direito de poder tocar.
GUIA PRÁTICO
Como ir
A TAP (www.flytap.com) e a SATA (www.sata.pt) voam desde o continente para a Horta. Para chegar à ilha do Pico o ideal é apanhar um barco. Há várias ligações diárias (www.transmacor.pt) desde a capital do Faial em direcção à Madalena, viagem que dura menos de uma hora. O bilhete custa 3,40 euros, sendo que as crianças até aos três anos de idade não pagam. Entre os quatro e os 14 têm 50% de desconto.
Quando ir
Não é exagero dizer que qualquer época é boa para visitar os Açores. Nunca esquecendo que a chuva também pode aparecer mesmo no mais soalheiro dos meses. Mas este é também um dos seus encantos. A humidade é, por isso, uma constante e faz com que o verde e a natureza estejam sempre pungentes. Para quem quiser observar os cetáceos, a melhor época é entre Abril a Setembro.
Onde dormir
São várias e muito distintas as possibilidades de alojamento, desde hotéis mais convencionais até pequenos turismos de charme, sobretudo no Pico. No Faial há duas opções incontornáveis que garantem uma boa relação qualidade/preço: o Faial Resort Hotel (www.faialresorthotelhorta.com) e a Pousada da Horta. O primeiro fica situado numa das encostas da cidade, com restaurante e piscina de peito aberto para a baía e para o Pico. Tem 131 quartos distribuídos por vários edifícios. Já a Pousada da Horta, parte integrante das Pousadas de Portugal, fica alguns metros abaixo, no Forte de Santa Cruz, um edifício militar do século XVI com 28 quartos. As Casas D’Arramada (www.ruralturazores.com), turismo rural localizado zona norte da cidade, são também uma boa opção. Têm piscina coberta e aquecida com vista para o Atlântico.