Fugas - Viagens

  • O Big Ben, em Londres,
é a torre-relógio mais famosa
do mundo
    O Big Ben, em Londres, é a torre-relógio mais famosa do mundo EDDIE KEOGH/REUTERS
  • Na Fundação
Medeiros e
Almeida, em
Lisboa, há
uma peça que
se destaca:
um relógio
monumental
vienense
que terá
pertencido
à imperatriz
Sissi da
Áustria.
    Na Fundação Medeiros e Almeida, em Lisboa, há uma peça que se destaca: um relógio monumental vienense que terá pertencido à imperatriz Sissi da Áustria. João SIlva
  • Museu
do Relógio,
em Serpa;
    Museu do Relógio, em Serpa; Rui Gaudêncio
  • Museu
do Relógio,
em Serpa;
    Museu do Relógio, em Serpa; Rui Gaudêncio
  • Núcleo
Museológico
do Tempo, em
Santarém
    Núcleo Museológico do Tempo, em Santarém João SIlva
  • Em Londres, trabalhadores limpam o Big Ben
    Em Londres, trabalhadores limpam o Big Ben TOBY MELVILLE/REUTERS
  • O Relógio Astronómico
de Praga foi construído em 1410
    O Relógio Astronómico de Praga foi construído em 1410 Tiago Machado

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Ao ritmo das máquinas do tempo

Da oficina à exposição, uma coisa é certa: não há um único relógio que não seja mecânico. Desde o mais raro e antigo da colecção, concebido em 1630 pelo relojoeiro da casa real inglesa, Edward East, em bronze talhado (segundo os registos encontrados, só existirá um outro igual e há cerca de seis anos o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, “ofereceu meio milhão de dólares por ele” mas “nada no espólio do museu é vendável”, garante Eugénio), até modelos lançados pelas grandes marcas da actualidade, como François-Paul Journe (o único que conseguiu fazer um relógio com máquina em ouro), Patek Philippe ou A. Lange & Söhne.

Naquele que se define como “o único museu do género na Península Ibérica e um dos oito no mundo”, há ainda relógios iguais ao que Yuri Gagarin levou ao espaço em 1961, ao que Neil Armstrong usava quando pisou a lua em 1969 ou que Pablo Picasso criou para as mulheres usarem como uma pulseira escrava e “perguntarem aos cavalheiros que horas eram nos relógios”. De história em história, o museu procura fazer “um retrato da sociedade portuguesa e de alguma sociedade mundial, mostrando, igualmente, a evolução do tempo em Portugal”. Sobre a lareira acesa junto à saída, um poema de Frei Castelo Branco deixa, no entanto, o aviso: apesar de tantos relógios a marcar o tempo, há que ter muito “apreço e conta” para “não chorar, sem conta, o não ter tempo”.

Museu do Relógio – Pólo de Serpa
Convento do Mosteirinho, Serpa
Tel.: 284 543 194
Horário: de terça a sexta das 14h às 17h30; sábados, domingos e feriados das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30 (última entrada às 17h)
Preço: 2€ (gratuito para crianças até aos 10 anos)
www.museudorelogio.com

 

Núcleo Museológico do Tempo, Santarém

Assim que a vislumbramos não temos dúvidas que é dela que andamos à procura: no alto da entroncada torre eleva-se uma estrutura em ferro forjado onde o sino é coroado por oito peças arredondadas, qual arco de balões esquecido numa velha festa popular. São as cabaças de cerâmica que dão nome ao edifício, um dos mais emblemáticos de Santarém, e que tinham um objectivo tão pragmático quanto poético: levar as horas aos campos em redor, funcionando como “caixas de ressonância do rebate do sino”, conta-nos Luís Mata, responsável pelo sector de investigação do Museu Municipal de Santarém, e que agora nos guia pelos três andares da torre, transformada em 1999 num pólo museológico dedicado à “memória evocativa do tempo”. O conceito é aqui reflectido no seu sentido mais lato, dividindo-se em três diferentes formas de medição.

Na primeira sala, à qual chegamos após subir a escadaria de caracol apertado (a única que foi mantida após as obras de restauro), encontramos alguns objectos evocativos da era pré-mecânica da medição do tempo, quando, lê-se Voltaire na parede alva, o sol era “o grande relógio do mundo”. Não faltam, por isso, vários relógios de sol, incluindo o que antigamente sombreava as horas em frente aos velhos Paços do Concelho de Santarém. Dois cata-ventos, a ilustração de uma clepsidra, a réplica de uma ampulheta e de uma bússola rematam o interior da Sala dos Pesos, assim denominada por ali descerem os dois pesos que faziam movimentar a máquina do relógio, instalada em 1876 na ala superior.

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