Quando, no sábado, dia 11 de Abril, abrir portas, o Mundo Abreu — na FIL e em 90 das lojas da rede Abreu em Portugal —, terá 200 stands, com mais de 600 representantes de organizações institucionais e de fornecedores de serviços turísticos de todo o mundo. A representação portuguesa será forte, sobretudo dos Açores e Algarve; do estrangeiro as maiores comitivas virão do Brasil, Macau, Turquia, Espanha, Marrocos — com estreias absolutas do Irão, Japão, Filipinas, Uzbequistão e Malásia. Um supercatálogo congregará propostas em 372 páginas, haverá ainda um dedicado a Portugal, lista de ofertas last minute e o destaque aos circuitos europeus Abreu. No total estarão disponíveis 25 mil lugares em voos charter — pode sair-se com a confirmação de viagens às Caraíbas, Croácia, Porto Santo, Grécia, Baleares, Canárias e Marrocos — e 18 mil em voos regulares. Será a maior oferta de sempre, naquela que já é a maior feira de viagens europeia dirigida, em exclusivo, ao público, que assinala este ano a 13.ª edição.
São números impressionantes, mas que se eclipsam perante a idade da agência: a comemorar este ano 175 anos, a Viagens Abreu é a mais antiga agência de viagens portuguesa e, por vezes, apontada como a mais antiga do mundo ( a “rival”, Cox & Kings, surgiu em 1758, trabalhando com o exército britânico, acompanhando as aventuras dos seus regimentos na construção do império). E a única que continua na mesma família.
São já cinco as gerações que ajudaram a tornar a Abreu em sinónimo de viagens, de férias. Pense-se em qualquer modalidade e a Abreu oferece. As viagens em grupo e os circuitos europeus continuam a ser icónicos na programação, e os cruzeiros um produto acarinhado — nos anos de 1970 e 1980 chega a fretar navios para viagens aos Açores, Madeira, Europa continental, Norte de África, Médio Oriente e costa brasileira. “A empresa contribuía, assim, para o fortalecimento de uma indústria — a dos cruzeiros — que abriu novas perspectivas ao turismo mundial”, lê-se na informação enviada à Fugas. Ainda hoje é líder de mercado nesse segmento. Como é líder no mercado de lazer: cidades, circuitos, grandes viagens, cruzeiros, parques temáticos, escapadinhas, férias activas, eventos, luas-de-mel, curta e longa distância; a que acrescenta a prestação de serviços como rent-a-car ou reservas de comboio, seguros, reservas de voo com ou sem hotel, vistos, cursos de línguas... A sua influência chega às viagens empresariais, aos grupos, congressos e incentivos, o que faz da Abreu a maior empresa de viagens em Portugal (e como transitário, através da Abreu Carga, é líder na carga aérea e tem posição robusta na carga marítima e rodoviária).
Longe vai o tempo em que Bernardo Luís Vieira de Abreu, minhoto de Vieira do Minho, abre o seu negócio na cidade do Porto. Em 1840, o “Grand Tour”, a viagem iniciática que as classes altas inglesas e nórdicas faziam pela Europa em descoberta cultural, estava em declínio pelo aparecimento do comboio, que tornava as longas digressões obsoletas. Portugal não tinha tempo para pensar em viagens: tinha ultrapassado as lutas entre liberais e absolutistas, mas o reinado de D. Maria II estava longe de ser pacífico e em breve novo conflito rebentaria na sequência da revolta da Maria da Fonte; entretanto, o Brasil já era brasileiro e destino maciço de emigrantes fugidos do Norte de Portugal. Do outro lado da fronteira, era para a Venezuela que corriam os galegos. Bernardo Abreu vê a sua oportunidade e instala-se bem no centro da cidade prestando serviços a esses emigrantes – desde o tratamento de passaportes e vistos de emigração à venda de bilhetes de comboio para Lisboa e de navio para a América do Sul.