Todos os ingredientes juntos poderão ajudar a entender a razão pela qual Frozen se mantenha, dois anos após a sua estreia, no top-10 dos filmes com mais bilhetes de cinema vendidos de todos os tempos em todo o mundo (actualmente está em 7.º lugar). E a razão que justifica que tenha tomado todo o parque parisiense de assalto. Até o meu próprio quarto, no Sequoia Lodge, onde a minha filha de dez anos, e já com alguns trejeitos irritantes de pré-adolescente, não resiste a assumir a infância por mais uns dias e transformar-se numa Elsa. Mesmo que o número maior do vestido azul celestial — na Disney não se comercializam fatos para adultos para não estragar a magia em torno dos personagens fantásticos que animam os parques — já quase não lhe sirva.
Não é só ao meu lado que há uma Elsa encantada. Por todo o lado avistam-se Elsas e Olafs a entrarem em grutas, a descerem montanhas-russas, a percorrerem todos os carrosséis. Mas sobretudo junto ao Chaparral Theatre, onde foi recriado o ambiente de um mercado do reino de Arendelle. Aqui, há guloseimas criadas a preceito tendo por base os ambientes gelados do filme — em dias quentes é de não dispensar o granizado servido num copo gigante Frozen —, uma loja cheiinha de fatos de todos os personagens do filme (“O da Elsa, azul celeste e repleto de detalhes prateados, é de longe o mais procurado”, garantem-nos) e uma casinha onde não só se pode optar por uma pintura facial alusiva ao filme como no fim tirar uma fotografia com o cenário de Frozen como pano de fundo. É a cereja no topo.
De terra em terra
Há quem vá à Disneyland Paris uma vez na vida e não queira voltar. Mas também há quem não perca uma oportunidade para reviver todas as emoções. É que até mesmo as atracções originais continuam, garantem-nos logo à chegada, a ter o mesmo encanto de sempre. Facto que não posso corroborar: tanto para mim como para a minha filha em dia de síndrome Peter Pan trata-se de uma estreia absoluta. Por isso, até as atracções mais “gastas” nos arrancam esgares de espanto, gritos assustadores e risadas bem audíveis.
Uma das tais atracções intemporais pode ser encontrada na Frontierland e trata-se de uma viagem ao tempo dos piratas, em que até o trajecto que se percorre para a embarcação (as carruagens rolam na água) nos envolve num ambiente negro e fétido. Os sons e a humidade ajudam a tornar mais real o cenário, enquanto vamos passando por um barco naufragado. Até começarmos a subir — e, claro, tudo o que sobe tem de descer. Mas já lá vamos. Ouvem-se cânticos piratas, vêem-se sombras a encetarem lutas, prisioneiros à procura de uma fuga, boémios, mulheres embriagadas e soldados. Até que chega a descida: com alguma emoção, mas perfeitamente aceitável até para o ser mais medroso.
Deixamo-nos ficar mais um pouco na Frontierland para emoções um pouco mais acesas na Big Thunder Mountain: apesar do meu pânico só ao olhar para uma montanha-russa, acedi em tentar. E a rápida fila à qual acedemos com o FastPass não deu tempo para desistir. A primeira metade do caminho foi feita de olhos fechados (como, aliás e infelizmente, atesta a fotografia captada pela própria Disney) e a controlar o pânico. Até porque, pior que as descidas ou as curvas apertadas, as subidas ao som de dinamite a rebentar (estamos numa mina, certo?) são de nos deixar os nervos em franja. Resultado? No dia a seguir não resisti em voltar: faltava-me ver a outra metade do caminho. É que, mesmo com medo, a Big Thunder Mountain é pura diversão. E, mais que gritos, soam gargalhadas, com toda a gente a sair dos vagões com um ar muito bem-disposto.