Com os níveis de doçura bem atestados, é altura de juntar um pouco de acção à receita. Pela Discoveryland, embarcamos numa missão que nos é confiada pelo próprio do Buzz Lightyear e percorremos um labirinto aos tiros contra extra-terrestres. Já na Star Tours, onde nos sentimos verdadeiros turistas do espaço, embarcamos numa viagem pelo espaço a bordo de um simulador. O problema: como piloto calhou-nos um desastrado robot que nos leva pelos caminhos mais acidentados com direito a um ou outro friozinho na barriga…
Mas é ao fim da noite, com todo o parque coberto pela escuridão, que se é assolado pela magia. O espectáculo pode ser visionado em vídeo, milhares de fotografias do mesmo podem correr mundo, já lemos e ouvimos descrições sem fim. Mas nenhuma lhe faz justiça. Porque com o castelo da Bela Adormecida como pano de fundo, com a ajuda dos jogos de água, de luz e de laseres, os mais pequenos sentem-se como que num verdadeiro conto de fadas. Já os adultos não resistem em fazer uma viagem às suas memórias e sentem-se novamente meninos e meninas: parece ser esse o maior trunfo do espectáculo. Maior ainda que o magnífico fogo-de-artifício. Juntar a Disney de ontem e de hoje, com um piscar de olho ao futuro, conseguindo tocar todos os presentes. As músicas sucedem-se e todos acompanham, com um ainda maior sentimento quando o castelo se transforma diante dos nossos olhos numa fortaleza de gelo ao mesmo tempo que se assiste à rebelião de Elsa: “Conceal, don’t feel, don’t let them know / Well, now they know!”. Afinal, “já passou”, como se canta na versão portuguesa.
Há magia nos estúdios
É todo um outro parque, com entrada distinta. No parque Walt Disney Studios é-se convidado a conhecer o que se esconde atrás das telas. Para estreantes ou repetentes: as incursões ao Animagic e ao Cinemagic são simplesmente obrigatórias — e a última de deixar mesmo o mais durão dos seres de olhos marejados. Mas há muito mais para ver neste parque, onde há quem não resista a uma descida vertiginosa na Torre do Terror, a uma alucinante viagem (e desaconselhada a cardíacos) pelo mundo de Nemo ou a uns divertidos rodopios a bordo do Faísca McQueen. No entanto, uma das maiores atracções, desde a sua estreia no ano passado, é o segundo rato mais famoso que assentou arraiais por aqui, transformando parte deste parque numa mini Paris.
Na Place de Rémy é replicado o ambiente romântico da cidade das luzes, com o restaurante Bistrot Chez Rémy a cumprir a preceito as directrizes do rato-chef. Num espaço amplo, cheio de referências ao bem-sucedido filme, algumas mesas são gigantes frascos de doce enquanto outras conquistam privacidade graças a um prato gigante que serve de biombo. Já as cadeiras onde nos sentamos assemelham-se a rolhas de champanhe e os candeeiros que nos alumiam a refeição não são outra coisa que panelas de cobre gigantes viradas do avesso.
Mas para conhecer a cozinha deste rato de gostos requintados o melhor é deixar o restaurante para depois e pôr-se na fila para Ratatouille: L’Aventure Totalement Toqueé de Rémy. De óculos 3D bem colocados e sentadas num dos quatro ratmobiles somos levadas numa viagem pelos esgotos parisienses até encontrarmos Rémy. É então que a aventura começa: sem carris, cada um dos ratmobiles tem o seu próprio percurso (e distintas sensações), e quando damos conta somos pequenos ratinhos em fuga, pela sala do restaurante de Gusteau, pela cozinha, atravessando a despensa, descobrindo o calor dos sempre activos fogões. As sensações sucedem-se e são diferentes dependendo do carro escolhido e do lugar (há seis em cada carro). Por isso, as contas são fáceis de fazer: no mínimo há que fazer 24 viagens para aproveitar todo o divertimento. Um exagero, claro. Mas certamente haverá quem já fez mais do que estas: nós, em apenas dois dias, conseguimos repetir a aventura quatro ou cinco vezes. É que à saída, quer do mundo de Rémy quer dos parques, a pergunta é uma e outra vez sempre a mesma e chega acompanhada com um sorriso desafiante: “Outra vez?”.