Carcassonne caiu em 1209, ano que ficaria marcado, também, por um grande massacre de população cátara em Béziers, quando vinte mil habitantes foram chacinados. “Os nossos, sem olhar a estado, idade ou sexo, passaram a fio de espada quase vinte mil pessoas. Após esta grande matança do inimigo, toda a cidade foi pilhada e incendiada e a vingança divina milagrosamente desencadeada sobre ela”, escreveu nessa altura, numa carta, o Papa Inocêncio III. A queda de Montségur, em 1244, significou o desaparecimento do último refúgio da hierarquia religiosa cátara.
Os castelos e abadias ligados à heresia cátara, na região do Languedoc, estão integrados numa rota histórica de carácter turístico (e de rigor por vezes contestável). Alguns desses espaços, assim como um punhado de museus, podem ser visitados a partir de Carcassonne.
A Idade Média em cena
O programa de animação cultural tem exactamente esse nome e decorre até ao fim de Outubro, a par de outras iniciativas dirigidas a públicos diversificados, incluindo o público infantil. A animação é variada, ainda que organizada sistematicamente sob o signo da recriação de aspectos da vida quotidiana medieval. A maior parte das actividades decorre num espaço intra-muros designado oficialmente por “aldeia medieval reconstituída”.
Para além dos torneios de cavalaria, realizados num recinto apropriado e com duas sessões diárias, há inúmeros espectáculos de dança e música, exibições de aves de rapina, feiras medievais com produtos regionais e artesãos executando o seu trabalho ao vivo, ateliers interactivos e jogos infantis. Durante o mês de Agosto o programa é reforçado com a realização de “barbecues medievais” (informação prática disponível em www.tourisme-carcassonne.fr).
Em muitos castelos e abadias de povoações da região há, igualmente, programas de animação que incluem concertos de música medieval, reconstituição de ambientes quotidianos da civilização da antiga Occitânia, torneios e jogos medievais, jogos com arco e flecha, espectáculos de malabarismo, ateliers de pintura e de produção de instrumentos musicais com materiais reciclados (dedicados ao público infantil), ateliers de caligrafia, culinária e tecelagem, oficinas de profissões da Idade Média, etc. Pode-se encontrar informação detalhada sobre estes programas em www.payscathare.org/aout.
Até 31 de Agosto, o Atelier du Livre, na Rue Trivalle (na cidade nova), propõe sessões de iniciação em tipografia, gravura, composição e impressão de textos breves e fabrico artesanal de papel, duas vezes por semana. Também na cidade nova (capela dos Jesuítas, na Bastide), até ao final de Agosto, está disponível a exposição Carcassonne, ville(s) médievale(s), um interessante ensaio sobre a identidade urbana da cidade e os percursos históricos que circunstanciaram e conduziram à actual fisionomia de Carcassonne.
Guia prático
Como ir
Há voos low cost directos a partir do Porto. Para Toulouse, que fica a cerca de hora e meia de automóvel, há também voos regulares de Portugal. As cidades de Toulouse e Carcassonne estão conectadas por via ferroviária e a ligação é feita em menos de uma hora.