Mais antigo é o Mosteiro de Tibães, nos arredores de Braga. Fundado no século XI, foi ocupado pelos beneditinos no século XVI, tornando-se a casa-mãe desta ordem monástica, sendo um dos pontos de início possíveis do Caminho de Santiago e que, noutros tempos, oferecia acomodações aos peregrinos, que aí podiam permanecer gratuitamente até três dias.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1833-34, o mosteiro foi encerrado e vendido em hasta pública. A igreja manteve-se como sede da paróquia, mas o resto do complexo foi progressivamente votado ao abandono, entrando em ruína, tendo sido o seu espólio delapidado. Em 1986, foi adquirido pelo Estado e iniciou-se um processo de recuperação que ainda hoje decorre. Actualmente aloja um Centro de Estudos das Ordens Monásticas, um restaurante e um hotel de charme com nove quartos.
O Caminho de Santiago
Do alto do Monte de Santa Luzia, no distrito de Viana de Castelo, vê-se toda a cidade, a foz do rio Lima e, em dias de boa visibilidade, uma grande extensão da costa e a região interior, num arco que abarca Ponte de Lima, Póvoa de Varzim e o monte de Santa Tecla, Espanha.
Um trilho por terra leva-nos ao Mosteiro de São João de Arga, no topo da serra homónima, um santuário do século XIII. Para além da construção, a magnífica paisagem que daí se pode desfrutar engloba a serrania circundante, o monte de Santa Tecla, a foz do rio Minho e a ilha e forte de Ínsua. Ainda por estradões e trilhos, descemos até Vila Nova de Cerveira para um opíparo almoço antes de passarmos a fronteira.
Já em terras galegas, um presente aguarda-nos. Mas um presente que antes de ser vivido é preciso ser conquistado. Subimos por isso uma íngreme vereda, irregular e pedregosa, onde a tracção integral se revelou indispensável. No topo, a recompensa: uma paisagem de cortar a respiração sobre a foz do rio Minho e as suas margens portuguesa e espanhola, no miradouro de Niño do Corvo, uma elevação de 310m na serra de Arga, perto da localidade de O Rosal.
Ainda por terra, descemos até à costa para uma visita ao Mosteiro de Oia. Fundado em 1137, pertence à Ordem de Cister desde 1185 e foi um factor de desenvolvimento socioeconómico da região. Tem a particularidade de ser o único mosteiro cisterciense edificado junto ao mar e chegou a ser o principal ponto de acolhimento dos peregrinos que seguiam pelo caminho que nos leva até Baiona, num troço cuja paisagem compensa a demora. É, porém, de sublinhar que este Caminho Português não tem propriamente um percurso definido, embora convirja com os restantes no Monte Gozo, a cinco quilómetros da Catedral de Santiago. É quando chega a altura de trocar os rodados e seguir a direcção indicada pelas vieiras metálicas incrustadas nos passeios que nos levarão à catedral. No nosso caso, a pé e à noite — sempre serve para desmoer o jantar.
A concha da vieira, que temos por guia, é o símbolo do peregrino de Santiago, que, em tempos idos, a usava para beber água das fontes e a transportava como marca identificadora. Na vieira, por vezes, vem pintada uma estela, a representação da chuva de estrelas que teria indicado, entre 813 e 820, o local onde dois discípulos enterraram o corpo do apóstolo, depois de o terem trazido da Palestina para a Galiza. Este Campus Stellae, ou Campo de Estrelas, acabaria por dar origem ao nome Compostela.