Fugas - Viagens

  • Nuno Ferreira Santos
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No maior barco de cruzeiros do mundo, nem o silêncio se esgota

Todas as noites é deixado sobre a cama o Cruise Compass para o dia seguinte, uma espécie de jornal de bordo, com a sugestão para o tipo de roupa a vestir durante o jantar, os horários dos estabelecimentos, dos espectáculos e das actividades, entre outras informações.

Comida para todos os gostos

One, two, three, step. Uno, dos, tres, paso”, vai ensaiando o animador no centro da Royal Promenade, primeiro sem música, depois liga os sons latinos com um toque no telemóvel. Aos poucos participantes do início vão-se juntando mais pares. Em breve estão quase 30 pessoas a dar à anca ao som de Quien Eres Tu. A maioria são reformados, só encontramos duas raparigas e um casal na casa dos 30 anos entre o grupo. Normalmente há mais famílias e gente nova a bordo, garante Francisco Teixeira, director da Melair Cruzeiros (representante da Royal Caribbean em Portugal), lembrando que o período escolar já começou.

Deixamo-nos ficar na “esplanada” do Bolero’s e é ali que pela primeira vez sentimos o movimento do navio, como se fosse o início de uma ligeira tontura. Um suave limiar do equilíbrio. E só de olhos postos nos trejeitos do mar é que nos voltaremos a lembrar que não estamos em terra firme. À noite, o Bolero’s é dos bares mais animados, com a pista sempre cheia de pares a dançar os ritmos latinos. Em frente, canta-se agora karaoke em alemão e depois em italiano, no andar de baixo há stand-up no Comedy Club, o clube de jazz está encerrado para um evento privado e a discoteca está esta noite por conta dos miúdos. Os graúdos dançarão madrugada dentro na festa do Solarium Bar, no deck 16.

“Temos 24 conceitos de restauração diferentes, cerca de 45 bares e despensas de bar e mais de 10 mil metros quadrados de cozinhas”, enumera Markus Juen, director de Food&Beverage do Allure. A seu cargo tem quase “metade do navio” e “metade da tripulação”; a função de alimentar diariamente um cruzeiro com mais de 8000 pessoas a bordo. “É massivo”, define. O planeamento é feito com seis semanas de antecedência e durante toda a viagem (sete noites), o navio é carregado de comida e bebida apenas uma vez. “São cerca de mil paletes”, avança.

“Só na sala de jantar principal são servidos cerca de 30 mil pratos, desde entradas a sobremesas, e nos restaurantes de especialidade temos à volta de 650 clientes por noite. No total, podemos chegar a 45 mil pratos de comida por dia”, indica o responsável. Nestes restaurantes de gastronomia especializada (comida italiana, sushi ou grelhados norte-americanos, por exemplo), é aconselhável reservar mesa antecipadamente. Assim como em todos os espectáculos. É a única crítica que o casal português aponta. “É uma organização a que não estamos acostumados, talvez se viermos uma segunda vez já sabemos que é assim e é mais fácil, mas no primeiro e no segundo dia foi um bocadinho complicado porque queríamos entrar em certos sítios e como não tínhamos reserva não podíamos entrar, tínhamos de esperar na bicha”, conta Mabília.

Uma tripulação de histórias

Do capitão à empregada de mesa, não encontrámos nenhum estreante a trabalhar em cruzeiros (embora existissem, com toda a certeza). O que encontrámos foram casos de quem começou em baixo e foi subindo até ao topo, de gente que até ali não tinha encontrado trabalho na área de estudo e várias histórias de amor a bordo. É o caso de Markus, que trabalha na empresa desde 1991. “Vim com a intenção de ficar apenas um ano para ver o mundo e ganhar dinheiro, mas o bichinho dos navios ataca-te e ficas para a vida”, conta. Começou como assistente de empregado de mesa e é hoje o responsável por toda a área de restauração. Conheceu a mulher, gerente de recepção, no último navio onde trabalharam. “Na verdade acabámos de casar em Julho”, ri-se timidamente.

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