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Carnaval de Binche: Um dia na vida de um gille

Nem todos os membros de uma sociedade são gilles, há actores, há músicos, há figuras tradicionais, como os arlequins, os pierrots, os paysans. Mas todos, sem excepção, começam a sentir o pulsar do Carnaval muitos meses antes de ser presenciado pelo público nas ruas de Binche, incluindo as mulheres dos gilles, caso ainda não tenham aprendido como ajudar a vestir o traje e a enchê-lo de palha. Logo em Setembro, as sociedades debruçam-se sobre as questões ligadas aos fatos e aos aspectos financeiros — cada família de um gille gasta, em média, entre 2000 e 2500 euros com o aluguer do traje (não pode ser comprado), com o champanhe, as ostras, o salmão fumado e as contribuições para as sociedades, uma vez que são estas quem financia todas as despesas, reforçando desta forma os laços de identidade da comunidade em redor das festividades.

Em Dezembro têm início as repetições de baterias dos músicos, bem como das danças e das canções dos gilles (um reportório de mais de duas dezenas), sempre num local (nas traseiras de um café, por exemplo) onde possam ocultar o seu trabalho e com a ambição de eclipsarem a concorrência no grande dia dos festejos. No final do mês, e prolongando-se até finais de Janeiro (nos seis domingos que antecedem o Carnaval), tudo é levado mais a sério ainda: as sociedades organizam as tradicionais soumonces (pequenos carnavais), abandonando os seus locais de repetição para se mostrarem, pela primeira vez, na via pública, ao som da música e com alguns dos gilles que ensaiam passos de dança sem traje mas munidos, obrigatoriamente, dos seus apertintaille (uma espécie de cinturão vermelho e preto com uns sinos que vão marcando o ritmo das suas danças) e ramons. Nos dois últimos domingos, músicos e membros das sociedades reúnem-se em conjunto para desfilarem com as roupas utilizadas no Domingo Gordo do ano anterior e, logo no dia seguinte, à noite, acontece outro dos momentos mais aguardados da agenda, um festival de insultos (conhecido como Trouilles de Nuilles) em que aos homens, escondidos atrás de uma máscara (que ajuda a deformar a voz), tudo é permitido dizer, ajustando contas com um vizinho, com a mulher, com os amigos ou com simples desconhecidos e, em alguns casos, escolhendo alguém famoso, a quem lançam todo o tipo de piadas, na praça ou no interior de um café.

Todos os anos, desde 2014, o posto de turismo local (situado na Grand-Place, 5) organiza um concurso para a concepção de um poster alusivo ao evento e que, só este ano, atraiu mais de 150 projectos. Deste total, o júri seleccionou apenas 50 trabalhos que o público teve oportunidade de admirar, durante dez dias (entre 20 e 29 de Novembro do ano passado), na Maison des Associations. A exposição foi vista por cerca de sete centenas de visitantes que foram convidados a eleger os cinco posters preferidos, definindo, desta forma — e em conjunto com os votos do júri nomeado —, o resultado final. Concorrendo pela segunda vez, Aurélie Billemont, gráfica independente, 34 anos, foi a vencedora, recebendo, além da notoriedade que a promoção mediática e a divulgação da sua criação em todo o país lhe proporciona, um prémio monetário de 1500 euros.

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