Fugas - Viagens

  • Desde o ano
passado que
o Tons de
Primavera
inclui um
festival de
street art
dedicado
ao vinho e à
Primavera
    Desde o ano passado que o Tons de Primavera inclui um festival de street art dedicado ao vinho e à Primavera Martin Henrik
  • Viseu
    Viseu Martin Henrik
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    Viseu Martin Henrik
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    Viseu Martin Henrik
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    Viseu Martin Henrik
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  • Cava
de Viriato
    Cava de Viriato Martin Henrik
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    Cava de Viriato Martin Henrik
  • Câmara de Viseu
    Câmara de Viseu Martin Henrik
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Cem Réis
    a loja Cem Réis Martin Henrik
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    a loja Cem Réis Martin Henrik
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Grão Vasco
    Museu Grão Vasco Martin Henrik
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  • Restaurante Mesa de Lemos
    Restaurante Mesa de Lemos Martin Henrik
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    Restaurante Mesa de Lemos Martin Henrik
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    Restaurante Mesa de Lemos Martin Henrik
  • Pousada de Viseu
    Pousada de Viseu Martin Henrik
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    Pousada de Viseu Martin Henrik
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  • Quinta de Reis (Oliveira de
Barreiros).
    Quinta de Reis (Oliveira de Barreiros). Martin Henrik
  • Quinta de Reis (Oliveira de
Barreiros).
    Quinta de Reis (Oliveira de Barreiros). Martin Henrik
  • Necrópole
    Necrópole Martin Henrik
  • Necrópole
    Necrópole Martin Henrik

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De Viriato à 'street art': o que Viseu andou para aqui chegar

Se agora é uma espécie de aldeia de 32 hectares dentro da cidade, com casas e campos rodeadas pelos taludes de terra — que no topo são uma espécie de passeio, a recriar o Passeio Público que a cava foi no século XIX — a sua origem não se conhece e as escavações arqueológicas têm sido escassas em resultados. Uma das teorias aponta para que tenha sido uma cidade-acampamento, base para Almançor nas suas investidas sobre a cristandade (“mas os 25 mil homens que o acompanhavam teriam de ter deixado mais vestígios”, nota Pedro Sobral, arqueólogo e um dos fundadores, juntamente com Fátima Costa, da Neverending, empresa turística dedicada à história e arqueologia); outra, que tem ganho força, é a de que seria a base para a nova cidade de Viseu, para aqui transferida por causa da destruição da reconquista — seria uma futura cidade áulica.

De Viriato, só mesmo a sua estátua, o que não o impede de ser primus inter pares na galeria dos notáveis de Viseu. E de a “sua” cava de Viriato ser o elemento diferenciador da cidade.

Daqui houve Viseu

Se há coisa que sobressai em Viseu é a sua escala — “humana”, repetem-nos como ladainha. Não podemos deixar de concordar: o centro da cidade oferece-se ao caminhante sem grandes dificuldades; ao ritmo ideal para observar como a história se deixa entranhar pela contemporaneidade sem perder a tradição. E cada vez mais, se atentarmos ao número de andaimes que povoam o centro histórico da cidade. A história de Viseu está a ser recuperada para albergar o seu futuro — e presente: veja-se, por exemplo, o Carmo’81, instalado numa antiga oficina de alfaias agrícolas, e agora uma das várias cooperativas culturais que têm povoado a cidade.

É atravessando estas camadas de história que percorremos as ruas que nos levam ao ponto mais alto da cidade, o seu “morro fundador”, diríamos, aquele que é constituído pelo adro da Sé, enquadrado pelo Museu Grão Vasco e pelo “Passeio dos Cónegos” — do outro lado, a igreja da Misericórdia. Há também andaimes na sé e nos claustros adjacentes. São quase 900 anos de história que contemplamos, desde que os condes D. Henrique e D. Teresa aqui se instalaram e se construiu a catedral românica junto ao paço condal. O claustro, agora renascentista, o primeiro neste estilo em Portugal, foi o resultado do afã arquitectónico de D. Miguel da Silva, tornado bispo de Viseu depois de regressado da Roma onde o renascimento atingia o seu apogeu e onde ele se tornou o “perfeito cortesão” da corte papal (e para onde voltaria, fugindo da ira de João III). Ainda se vêem vestígios do precedente claustro gótico; mais difícil é imaginar o bulício que se viveria ali nos tempos áureos. Porque, ao contrário do que pensamos, as catedrais não eram locais de recolhimento: os conflitos entre cónegos eram comuns, a população entrava e saía em promiscuidade total, onde se comia, bebia e vendia “Seria para nós um choque entrar na sé naqueles tempos. Era um mundo dinâmico”, explica Carlos Alves, um dos guias da Neverending.

Foi por esta altura, em que a sé recebia a sua maior renovação, que em Viseu se começou a destacar um pintor. Vasco Fernandes, de seu nome, local de nascimento desconhecido, “mas algures na região”. Consensual parece ser o facto de ter feito parte da oficina do pintor flamengo a quem, em 1501, é encomendado o retábulo para a capela-mor da sé. Destacou-se de tal forma, que muitos vêem nesse retábulo uma parceria. “É ‘o’ pintor do renascimento português”, nota o director do museu, Agostinho Ribeiro, “e é o único que tem tantas obras directamente classificadas como tesouros nacionais”. Nada mais natural, portanto, que o museu regional criado em 1916 levasse o nome de Grão Vasco e se desenvolvesse em torno da sua obra. Instalado no Paço dos Três Escalões, antigo seminário intervencionado por Souto Moura, aqui está reunido o maior acervo do pintor, 19 tesouros nacionais, sendo o mais impressionante o antigo retábulo da Sé de Viseu de que se preservaram 14 painéis. Apresentados em duas filas sobrepostas, representam em cima a paixão, morte e ressurreição de Cristo, e, em baixo, a infância e encarnação. Vale a pena descobrir a primeira representação de um índio brasileiro (da tribo tupinambá, “revela a flecha”) na pintura ocidental — está na Adoração dos Reis Magos e representa Baltasar. A Assunção da Virgem demonstra já a “afirmação de um estilo próprio” que atingirá o esplendor no ex-líbris S. Pedro, onde o artista revela a sua maturidade na representação “do rosto, dos brocados e até do chão”. Esta é uma das obras que vieram das capelas da sé de Viseu e faziam parte do programa do bispo D. Miguel da Silva de transformar a catedral numa espécie de “segunda Roma”: cada altar corresponderia a uma basílica romana e os fiéis, na impossibilidade de aí se deslocarem, compravam indulgências aqui em Viseu.

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