Fugas - Viagens

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Niágara, um mundo de água

Por Patrícia Carvalho

Tudo somado, acredite, as cataratas do Niágara ainda são capazes de encantar.

As cataratas de Niágara podem ser uma desilusão, mas só se deixar que assim seja. Se já teve a oportunidade, por exemplo, de estar em Iguaçu, a comparação entre as selvagens e gigantescas cataratas na fronteira entre o Brasil e a Argentina podem arrancar-lhe um suspiro de desapontamento ao ver as cataratas entre a província de Ontário e o estado de Nova Iorque — o mesmo é dizer entre o Canadá e os Estados Unidos da América. Mas não seja assim. Olhe bem para elas, Niágara ainda é capaz de o encantar. 

Primeiro, as cataratas estão mesmo no meio da cidade — e isso não tem que ser mau. Pode percorrer a alameda bem cuidada que acompanha todo o percurso das duas cataratas (a americana e a canadiana) e lá ao fundo, bem junto da maior das duas brutais quedas de água, a canadiana, vai ser difícil não sentir toda a sua força, com os salpicos de água que caem constantemente sobre o passeio, encharcando-o e a quem lá estiver (e vai estar muita gente, acredite). 

Depois, já reparou naquela cor verde esmeralda que a água tem? É muito bonita, quase hipnótica, assim como a potência impressionante dos milhões de litros de água que caem brutalmente sobre a superfície lá em baixo, no seu percurso entre os lagos Ontário e o lago Eerie. E, se puder, por favor, vá ver as cataratas à tarde num dia de sol. A posição do astro vai oferecer-lhe um nunca mais acabar de arco-íris, aos pedaços ou num arco perfeito, que só podem mesmo arrancar-lhe um sorriso. À noite, as cataratas iluminam-se com feixes de luzes coloridas projectadas sobre a sua imparável correria. É uma experiência mais kitsch, mas se estiver por ali também vale a pena ver.

O que também pode não querer perder é um passeio num dos barcos que, diariamente, de quinze em quinze minutos, levam passageiros (mal) protegidos com um impermeável até à base da catarata canadiana. Vai encharcar-se, mas isso faz parte da diversão e poucos são os que optam por ficar na zona protegida do barco, em vez do convés superior, onde é garantido que vai ficar molhado.

Dito isto, as cataratas são apenas uma das atracções da península em que a água e as vinhas tomam conta da paisagem. A cidade de Niágara pode parecer uma versão um bocado foleira de uma liliputiana Las Vegas (o que, vá, também pode ser divertido, se estiver com o espírito certo), mas a poucos quilómetros de distância, Niagara-on-the-Lake é uma das mais bem preservadas vilas norte-americanas do século XIX e percorrer as suas ruas bem tratadas, carregadas de árvores, flores e casas com painéis de madeira, até à margem do lago Ontário, é um belo passeio e uma boa forma de fugir aos milhares de visitantes que espreitam, incessantemente, para as cataratas. 

Outra atracção líquida, também marcando a fronteira entre Ontário e o estado de Nova Iorque, é a região das Mil Ilhas. Situada na área onde o rio St. Lawrence está quase a encontrar-se com o lago Ontário, a zona tem cerca de 1700 ilhas, algumas tão pequenas que não comportam mais que uma casa e um pequeno jardim. Há várias actividades que pode querer fazer, mas uma das mais procuradas é um cruzeiro que o leva através daqueles pedaços de terra cheios de moradias (onde apostamos que não se importaria de passar algum tempo) e outras tantas histórias para contar. 

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