Fugas - Viagens

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De um tempo otomano que aqui ficou

A partir deste pequeno miradouro azul-turquesa (o interior do Humus Said repete o tom da portada), o vasto mundo lá fora parece estranho, inconsequente, um tanto suicida, mesmo. Põem-se (ou pomo-las) as papilas gustativas a filosofar, que a filosofia também daí há-de poder tomar forma. O mosaico é antigo, tem séculos e há quem se pergunte, também em Israel, também na Palestina, também em muitas outras latitudes onde se faz possível uma linguagem de aproximação — uma linguagem que privilegie mais a atenção e a importância concedidas às semelhanças do que às diferenças —, por que razão se “popularizaram” subitamente certos discursos sobre distâncias ou diferenças “intransponíveis”. Durante o último Ramadão, em Junho passado, o diário The Times of Israel publicou uma matéria relacionada justamente com a convivência religiosa em Akko. Contava o jornal que durante todo o período de jejum islâmico, de madrugada, foi um cristão, Michel Ayoub, que desempenhou as funções de messaharati, andando pelas ruas da cidade a tocar tambor e a chamar os muçulmanos para a refeição que antecede o nascer do sol. Não obstante a sua escolha religiosa, Ayoub é um messaharati há muito tempo estimado entre a comunidade muçulmana de Akko. Mesmo se a cidade viveu dias inquietos de confrontos entre extremistas de ambos os lados durante a festa do Yom Kippur de 2008, a experiência contínua e quotidiana de convivência e, mesmo, de cooperação, não deixa de ser uma lição face às súbitas contrariedades que se deparam nestes tempos ao império da modernidade europeia.

GUIA PRÁTICO

Como ir
A companhia aérea israelita EL AL tem voos directos a partir de Lisboa para o aeroporto Ben Gurion, em Telavive. Da capital israelita saem com elevada frequência comboios em direcção a Nahariya, no Norte do país, todos com paragem em Akko, a estação imediatamente anterior. Em horas de ponta, a frequência das partidas chega a ser de vinte em vinte minutos e o tempo de viagem até Akko é de cerca de hora e meia.

Quando ir
O clima é do tipo mediterrânico temperado. A Primavera e o Outono são, genericamente, as épocas ideais para viajar para Israel e para Akko. Durante o Verão as temperaturas mantêm-se moderadas, sem significativas variações, sendo o único inconveniente um maior afluxo de visitantes. No Inverno, o clima mantém-se temperado, com as temperaturas oscilando entre os 10 e os 15 graus.

Onde ficar
A cidade é pequena e as possibilidades de escolha algo limitadas, pelo que optar por alojamento em Haifa (a 25 minutos de comboio) pode ser uma alternativa, perdendo-se, todavia, a fruição da serenidade em que o centro histórico mergulha durante a noite e, eventualmente, de toda a atmosfera de uma cidadezinha de sabor oriental. Se no que concerne a tarifas mais acessíveis Akko não se mostra muito pródiga, há duas boas opções num segmento mais elevado. O Acco Beach Hotel, um quatro estrelas situado junto ao mar (tel.: 97249957999, email info@accobeachhotel.co.il) e o superlativo Efendi Hotel, instalado em dois edifícios históricos cuja esplêndida decoração interior foi objecto de restauro — parece que com o apoio técnico de especialistas italianos (Louis IX St., tel. 972747299799, fax 972747299700, email info@efendi-hotel.com).

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