Fugas - Viagens

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O inesperado e inevitável Museu do Calçado

As botas de Luísa Ducla Soares, por exemplo, pareciam boémias e até foram compradas em Paris, mas afinal são tristes e dolorosas. É por isso que a sua história fica reservada para o intimismo do museu, resguardada da exposição pública nas páginas tão partilhadas de um jornal. Já Manuela Azevedo, vocalista dos Clã, doou umas botas festivas, bem dançadas. Usou-as em todos os espectáculos de uma tournée e quase invariavelmente lhes partiu o tacão a meio de cada performance, socorrendo-se depois de um sapateiro para com elas regressar ao palco. Um dia o homem pediu-lhe que parasse: que usasse outras botas no próximo concerto, que essas já não tinham conserto.

Quem mais demonstrou gratidão pelos seus sapatos, ainda assim, foi o músico David Santos, que os seus fãs conhecem como Noiserv. E é ao ler-se a carta em que ele se despede das suas sapatilhas que melhor se percebe quanto o Museu do Calçado tardou em chegar, quão destinado esteve sempre a ter que existir. Explicando os seus ténis, Noiserv explica o museu: “Com eles fiz 60 concertos em 2011, viajei por todo o país, fui a Nova Iorque, Londres e Estocolmo. Com eles toquei no mesmo palco que os Arcade Fire e os Portishead; entrei em estúdio e gravei com Sérgio Godinho. Tinha-os calçados quando visitei a minha primeira casa e quando o meu melhor amigo foi pai pela primeira vez. Fazem parte de uma história que é minha, mas também de todos aqueles que foram vendo e gostando da minha música. Obrigado, ténis-azuis-em-pele-com-uma-tira-em-laranja. Foi um prazer.”

Museu do Calçado
Rua Oliveira Júnior
São João da Madeira
Tel.: 256 200 204
museu-do-calcado.pt
Horário: Das 9h às 12h30 e das 14h às 18h, de terça a sexta; das 10h às 13h e das 14h às 18h ao sábado; das 10h30 às12h30 e das 14h30 às 18h ao domingo.
Preço: 2€

 

 

 

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