Depois de alguns passos ficamos de frente para o mar, separados por aroeiras e pinheiros que se estendem até ao areal. Novo círculo. “Vamos primeiro observar tudo o que nos rodeia”, convida Alex no seu português com sotaque catalão. “Agora fechar os olhos e respirar várias vezes, sentir como a terra nos sustém debaixo dos pés, como o céu nos mantém no nosso trajecto, como estamos rodeados de outros seres vivos, como os pensamentos aparecem e desaparecem e como vamos acolher tudo isto.”
A seguir, ainda de olhos fechados, vamos passar as mãos pelo corpo, ouvir os sons à volta, “como se misturam e fazem parte de uma sinfonia, aqui e agora”, e como a nossa respiração “faz parte da sinfonia desta floresta”. Mais à frente, respirando pela boca e o nariz ao mesmo tempo, “pôr a língua de fora e notar como se revelam os cheiros – a resina dos pinheiros, a secura da terra, o sabor do sal no ar”.
Outro convite, que é uma pergunta: “O que está em movimento?” Mexemo-nos ao ritmo de um caracol para ver tudo mais de perto e mais devagar, para sentir as texturas das plantas e atentar no fio da teia de aranha que se balança ao vento. “Se surgir ansiedade, observem e voltem ao convite: o que está em movimento?” Há quem toque em plantinhas rasteiras ou em arbustos mais altos como se os estivesse a descobrir pela primeira vez, ou a apresentar-se a eles.
Vemos que os cistos ainda não floriram, mas estão quase, que os medronheiros têm já pequenas bagas, ainda verdes, que o zimbro está bem castanho, que há mantos de líquenes no chão onde apetece deitar (e é o que faremos depois, quando nos convidarem a escolher um local da floresta onde pousar 25 minutos). “Quando se pára é quando tudo se movimenta”, comentará alguém. Outra pessoa dirá: “Viva a Primavera, que está a chegar!”
Informações
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Cada passeio custa 22 euros e é feito por marcação.