Fugas - Viagens

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Perak: à flor dos rios

Compreender a Malásia requer um olhar sobre a sua história, desde antes da chegada dos primeiros europeus, observar o caminho feito de colónia britânica a tigre asiático na economia, requer a experiência de um selamat datang ou de um sama-sama (“bem-vindo” em bahasa) escutado na voz de um perakiano ou de uma perakiana e a litúrgica degustação de uma laksa. Exagero? Como explicar, então, que em certo dia de desalento e de desatenção da vivificante luz equatorial tenha decidido atravessar quase metade da Malásia e regressar a Kuala Kangsar apenas para ter de novo à mesa a celestial comida vegetariana das velhinhas chinesas do rés-do-chão do Double Lion Hotel?

Uma floresta da idade do mundo

A Malásia mora à beira do Equador e quase não há um palmo de terra que não seja verde. A este “pormenor” decorativo junta-se a extraordinária biodiversidade das suas florestas. Há dois anos Perak acolheu um simpósio internacional sobre ecoturismo com o objectivo de discutir questões relacionadas com o sector e promover programas de investigação científica e de conservação ambiental das florestas tropicais húmidas. A iniciativa teve igualmente o propósito de divulgar o potencial de Perak na área do ecoturismo.

É justamente em Perak (no Norte, junto à fronteira com a Tailândia) que se encontra a maior área florestal da Malásia peninsular, a floresta de Belum-Tamenggor, considerada uma das mais antigas do planeta — mais antiga, ainda, do que a Amazónia e as florestas do Congo. Uma parte da área florestal de Belum-Tamenggor está classificada como parque nacional (o Royal Belum State Park), abrangendo uma área de quase cento e vinte mil hectares que inclui um grande lago. A região é habitat de tigres e elefantes, entre muitos outros mamíferos em risco, como o rinoceronte de Sumatra, além de albergar um elevado número de espécies de plantas, incluindo a Rafflésia, a maior flor do mundo, que chega a ter um metro de diâmetro. Novas espécies de insectos, aves e árvores têm sido, entretanto, descobertas nesta floresta virgem.

Trekkings na floresta e observação da vida selvagem, incluindo birdwatching, são algumas das actividades possíveis, sendo altamente aconselhável o acompanhamento por um guia especializado. Para visitar o parque é necessária uma autorização prévia que pode ser obtida através dos operadores autorizados.

Pirilampos e outros passeios

O sultanato de Perak tem uma área correspondente a pouco menos de um quarto do território português, mas apesar da dimensão é possível traçar um roteiro pleno de diversidade ou um conjunto de itinerários temáticos.

Em Ipoh, merece atenção o casario de timbre colonial da old town e a monumental estação ferroviária, um dos muitos e interessantes edifícios herdados (e bem conservados) dos tempos do Império Britânico. Também a gastronomia se afirma relevante, disputando com a de Penang honras de primeira página — entre as inumeráveis especialidades, é obrigatório citar a kwai teow, uma sopa que combina noodles com vegetais e camarão e merece uma solene prova no popular Restoran Pulau Sembilan, na Jalan Bunga Raya.

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