Fugas - Viagens

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O hotel “mais chique” de Salvador renasceu das cinzas

E havia, claro, o Palace, com o seu casino no primeiro andar. Um cartaz reproduzido no blogue anuncia “os shows do Palace Hotel” que “constituem o encanto da Bahia chic”. Ana Maria Azevedo recorda que no piso térreo “encontrava-se a loja Adamastor”, na década de 50 “uma das melhores em artigos masculinos” com “o que havia de mais moderno para os rapazes”. Essa loja situava-se precisamente no local do restaurante Adamastor, onde estamos a almoçar. “Aqui havia oito lojas, que não existiam no hotel original”, explica António. “A loja Adamastor tinha o nome do proprietário, que era o pai do cineasta Glauber Rocha.” 

Não é só para turistas

Numa viagem a Salvador, António, nascido em Minas Gerais e que trabalhou em Londres no Grupo Hotéis Maybourne (antigo Grupo Savoy), encantou-se com o edifício. “Achei que tinha muito potencial.” Depois de, com o sócio, o empresário Marcelo Lima, o adquirir, há cinco anos, começou a procurar informação sobre a sua história e a estudar a melhor forma de o reconstruir. 
Por haver pouca experiência na recuperação de edifícios históricos no Brasil, optaram por chamar o arquitecto dinamarquês Adam Kurdahl para “resgatar todas as características Art Deco mas, ao mesmo tempo, criar um ambiente jovem e descontraído”. Quando começaram não imaginavam o trabalho que tinham pela frente.

 Para perceber o estado a que tinha chegado o Palace, é preciso entender que a partir da década de 90, com a transferência da sede administrativa do Governo do Estado para o Norte da cidade, todo o centro histórico de Salvador entrou em declínio. “Quando começámos a reforma, em 2014, tivemos uma surpresa muito desagradável, não sabíamos que o Palace estava num estado de degradação tão grande”, conta António. “As fundações estavam todas comprometidas.” 

A obra foi imensa para um hotel com uma área de 6100 metros quadrados distribuídos por dez andares — actualmente são, no total, 81 quartos, dez dos quais suítes. “Criámos um reservatório de água de 150 mil litros para que o hotel possa funcionar todos os dias sem parar. Reforçámos 750 pilares para podermos fazer uma piscina na cobertura. Recuperámos a torre [que encima a esquina do edifício], que estava caindo.” 

As 434 janelas de madeira do Palace foram todas recuperadas, assim como o soalho, os mármores originais e mais de 200 adornos Art Deco. O mobiliário nos quartos e corredores cruza o clássico/colonial/anos 20 com grandes fotografias a cores do fotógrafo Akira Cravo que trazem a festa da Bahia para o interior. 

A piscina na cobertura, com uma vista magnífica sobre a cidade — estamos a menos de cinco minutos a pé do histórico Elevador Lacerda e a dez minutos do Pelourinho — é o lugar para assistir ao pôr do sol, até porque, lembra António, “o Palace está voltado para a Bahia de Todos os Santos, que está virada para a terra e não para o oceano, por isso estamos virados para o pôr do sol enquanto o resto do Brasil está virado para o nascer do sol”. Este é um espaço usado para festas à noite e, tal como o restaurante, está aberto a toda a população da cidade.

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