Fugas - Viagens

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Em nome do vinho, das rosas e do corpo sano

O cheiro impregna o ar muito antes de se chegar ao Kurpark – o parque da cura, com as suas termas da época de Marco Aurélio ou Tibério. Passear pelos seus jardins, com os seus passeios largos, é uma sensação agradável que nunca se dissipa, uma tranquilidade que contagia, com detalhes que absorvem a nossa atenção, ora pousando um olhar na estátua de Strauss que parece vigiar os nossos passos, ora na Arena, palco de concertos durante os meses de Verão.

No Kurpark, a história e a natureza caminham de mãos dadas: as suas origens remontam a 1792 (já nessa altura aberto ao público), quando era designado por Theresiengarten, em homenagem à imperatriz Maria Teresa, e está dotado de um conjunto de estátuas que nos recordam alguns dos visitantes célebres de Baden bei Wien ao longo dos tempos. Sem pressas, tanto se está de frente para o imperador Franz Josef, como ao lado do monumento que eterniza o dramaturgo austríaco Franz Grilparzer; tanto se observa a elegante fonte de Undine, rodeada de um mar de flores, como um relógio, também de flores, em funcionamento desde 1929.

Nos meses de Verão, tanto se pode escutar um concerto no pavilhão da música, erguido no início do século passado, como performances de operetta – e subindo ligeiramente, percorrendo um trilho silencioso, chega-se ao Beethoventempel, um templo construído em 1927, por ocasião do centenário sobre a morte do compositor.  

Ao fundo, avista-se a cidade, com os seus telhados, o campanário da igreja de Santo Estevão recortando-se no céu, algures a casa onde Beethoven viveu uns anos da sua vida.

A cultura da música

Ludwig van Beethoven gostava de se banhar nas águas de Baden bei Wien, a exemplo do imperador Franz I, que passava os verões com a sua família na cidade. Foi também no Verão, em 1821, que Beethoven alugou uma casa em Baden bei Wien, no número 10 da Rathausgasse, onde compôs partes importantes da nona sinfonia. Admite-se que ao longo da sua existência em Viena, onde passou 35 anos, terá vivido em mais de 60 lugares diferentes, uma instabilidade que se terá ficado a dever às constantes fricções com os vizinhos, provavelmente descontentes com o ruído produzido pelo compositor nascido em Bona, na Alemanha.

Talvez por essa razão, Beethoven alugou o primeiro andar de uma casa cujo rés-do-chão era ocupado por um ferreiro e não consta que alguma vez alguém o tenha importunado nesses três verões (até 1823) que passou em Rathausgasse, actualmente um museu, alvo de renovação em 2004. Há menos tempo, em 2014, as paredes originais do apartamento onde viveu também conheceram obras de restauro e nos dias de hoje o espaço atrai os olhares de quem procura conhecer um pouco mais sobre a vida do génio em Baden bei Wien e arredores.

Na verdade,  Beethoven também terá vivido em diferentes lugares de Baden bei Wien desde que visitou pela primeira vez, em 1807, a cidade que continua a atrair a classe alta, agora já sem um título mas beneficiando de todas as comodidades – ou mais sofisticadas ainda do que aquelas de que gozava a elite em tempos de antanho ou homens como Mozart ou Schubert.

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