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Templos, vulcões e palácios: Java em 10 dias e três paragens

O nirvana em Borobudur (e Prambanan)

Mas a grande obra de arquitetura ainda estava para ser vista e “um boi a olhar para um palácio” é uma expressão que se adequa muito bem ao momento em que se põe os olhos no templo budista. A sensação ao escalar os três níveis de um templo com mais de mil anos, construído em forma de mandala e com desenhos esculpidos nas pedras é, além de difícil de explicar, de grande pasmo.

Não quisemos acordar de madrugada (ou ficar acordados até essa hora) para assistir ao nascer do sol lá de cima, onde estão as 72 estupas com o Buda no interior (excepto a do meio que representa o Nirvana), mas o astro rei que nos perdoe, aqui quem reina é o magnificente templo. A qualquer hora do dia.

O templo hindu de Prambanan, que fica a uns 40 quilómetros de Borobudur, é igualmente imponente, mas visitado a seguir a Borobudur não consegue ser tão impactante. Não que seja necessário, ou útil, fazer comparações, mas já se sabe que é quase inevitável. Tão inevitável como correr à chuva depois de deixar Shiva, Vishnu, Brahma e os seus vahana  para trás. Ou ter de passar pelo infindável corredor de lojas de souvenirs à saída.

Ah, pelo meio ainda passeamos pela encosta do Merapi, o vulcão mais perigoso de Java, mas mesmo tratando-se de um bonito passeio de jipe pela floresta, e tendo em conta que não somos pessoas de regozijar com esqueletos de animais e objectos derretidos pela lava que o vulcão cuspiu na última erupção, em 2010, não há grande interesse. Sobretudo, porque as nuvens não permitiram que tivéssemos um vislumbrezinho do cume do Merapi, e apesar do nosso motorista/guia nos ter mostrado fotos no telemóvel, é bem possível que a visão das nuvens seja mais frequente do que a do vulcão.

O mesmo não se pode dizer sobre a quantidade de camiões que circulam na estrada com areia do vulcão, por ser de melhor qualidade para a construção. Estes sim, são uma presença constante. “Os camionistas estão mortinhos para que haja outra erupção, porque este é um negócio muito rentável”, revelou-nos o nosso taxista, sem conter um esgar de terror. Disse que se lembrava muito bem do última e do quanto ficou assustado.

3.ª paragem: Malang

De qualquer forma, o nosso verdadeiro encontro com um vulcão ainda estava para acontecer. E o caminho até lá levou-nos a Malang.

Fizemos a viagem de comboio de Yogyakarta até Malang em pouco mais de oito horas (das 8h00 às 16h00), num comboio não tão bom como o anterior e com mais turistas na nossa carruagem.  A paisagem, com menos campos de arroz, pareceu-nos menos interessante do que a leitura do livro, mas o dangdut (a música pop indonésia) lá estava a passar na televisão, felizmente, também sem som.

Em Malang fomos surpreendidos por uma cidade diferente do que tínhamos visto até então. As estradas são largas e em muitas delas existem enormes moradias. No centro, há um enorme jardim bem cuidado com um parque infantil cheio de crianças a brincar sob o olhar atento dos pais e mães. A imagem que temos desta parte do mundo (e que se confirma em muitas aldeias, vilas e até cidades do sudeste asiático) é de crianças à solta, com lindos sorrisos e cabelos emaranhados. Não em Malang.

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