Fugas - Viagens

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Templos, vulcões e palácios: Java em 10 dias e três paragens

Em Malang  parece tudo arrumado. Tudo o que se consegue ver num dia, claro. Tudo muito civilizado, com a tolerância religiosa representada na mesquita, ao lado da igreja protestante e logo a dois passados da igreja católica. Também no mercado das flores e dos animais, se nos conseguirmos abster da crueldade que é ter morcegos e corujas em gaiolas, é possível perceber uma certa ordem.

Se houvesse muitos estrangeiros a passear por Malang, diríamos que esta cidade está feita para “turista ver”, mas nem os russos, ou o outro casal de turistas que vinham na nossa carruagem, encontrámos por ali. Só quando fomos jantar ao Tugu, um hotel que é um museu, encontrámos um outro casal ocidental. E eles e nós éramos os únicos clientes.

O incrível Bromo

A nossa intenção era, a partir de Malang, seguir para o Bromo e daí para Banyuwangi, ou mais especificamente para o porto de Katapang, para apanhar o barco até Bali. E a nossa intenção, realmente, foi levada a cabo, mas com um pequeno senão: fizemos tudo no mesmo dia. Isto é, saímos de Malang às 8h00, de carro com um motorista, e chegamos ao hotel, em Banyuwangi, às 22h00. O percurso não é longo, no total não chega a 300 quilómetros, mas aqui não se pode medir as distâncias dessa forma. É que se excluirmos as três horas que passámos a explorar o vulcão, foram onze horas de estrada, com pequenas paragens para comer e para o nosso motorista rezar a Alá.

Mas vamos à parte do dia que realmente interessa. A chegada a Ngadisari, em Cemara Lawang  (junto ao hotel Yoschi’s), para a partir dali seguir de jipe em direção à grande cratera Tegger. Ao pisar aquele deserto percebe-se imediatamente que se está num sítio especial. É verdade que é quando se sobe ao ponto onde a maior parte dos grupos de turistas costumam ver o nascer do sol, junto às antenas, que o Bromo e o Batok (o outro dos três vulcões que fazem parte da cratera), revelam toda a sua fotogenia, mas é a caminhar naquele mar de areia que se percebe que poucas coisas são tão poderosas como a natureza.

É uma experiência e tanto fazer aquela travessia a pé (também é possível fazê-la a cavalo) e depois trepar pelo Bromo. Chega-se à cratera do vulcão escalando 253 degraus e lá em cima é assombroso e terrivelmente assustador, sobretudo para quem viaja com crianças, porque não se pode dizer que seja muito seguro. O som das entranhas da terra e o fumo que sai lá de dentro tornam tudo ainda muito mais intenso e cinematográfico.

O mar de areia à volta dos vulcões não é menos impressionante e, se acontecer o vento soprar um bocado mais forte e formar pequenos tornados e a seguir começarem a cair umas gotas de chuva que formam um arco-irís, todo o ambiente se torna ainda mais sobrenatural e inesquecível.

Não foi fácil seguir viagem depois disto. A montanha rodeada de campos de cebolas e os javaneses a fazer lembrar o Lawrence da Arábia pediam mais uns dias de contemplação, mas a vida de turista nem sempre é fácil. E lá nos fizemos à estrada, uma espécie de EN1, que serve sobretudo de transporte de mercadorias entre as ilhas de Bali e Java.

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