Feitas as escolhas, os lotes com destino ao Terra e ao Zambujeiro regressarão mais meio ano às barricas e passarão depois mais dois anos em garrafa. Na empresa há o culto do tempo, segundo o qual os vinhos exigem estágios prolongados para revelarem o seu potencial — a colheita de 2010 ainda vai ficar mais uns meses em armazém.
A crítica aplaude – Mark Squires, o provador da equipa de Robert Parker que acompanha a produção de Portugal, pontua o Zambujeiro sempre acima dos 90 pontos e em 2007 chegou mesmo a atribuir-lhe 97 pontos (a edição de 2009, que ainda está no mercado, valeu 94 pontos). E os consumidores também. As marcas do Zambujeiro deixaram de depender em exclusivo do mercado suíço, que, no entanto, continua a valer 45% das vendas totais. Mas a empresa diversificou as suas exportações para outros mercados, incluindo a Ásia, e deixa em Portugal 15% dos vinhos que produz — “o mercado português cresce todos os anos”, diz Andrea Anselmo.
Pequena na dimensão das suas vinhas e ainda mais no volume que produz, a Quinta do Zambujeiro emprega 11 pessoas todo o ano e consegue ser rentável à custa da troca da quantidade pela exigência de qualidade. Tudo ali é prático e comedido, bem ao estilo da proverbial frugalidade calvinista.
O resultado são vinhos com forte personalidade que, apesar de apresentarem elevados teores de álcool (Nuno Malta diz que os 15% de volume resultam das condições climáticas), estão longe de ser cansativos. Com a vizinhança da Quinta do Carmo, o eixo entre as aldeias da Glória e de Rio de Moinhos tornou-se com a Zambujeiro um lugar obrigatório para quem quiser perceber até que ponto o Alentejo é capaz de fazer vinhos de classe mundial.
Monte do Castanheiro Branco 2013
3 Estrelas
Volume alcoólico: 13,5%
Preço: 8/10 euros
Proveniente de um lote de Arinto e Antão Vaz, este branco impõe-se pelo vigor dos seus aromas de natureza tropical. Na boca é um vinho volumoso, ao qual a Arinto concede secura, acidez e um final musculado que o adequam às exigências da mesa.
Um branco com graça e irreverência, bem desenhado e que dá prazer beber.
Monte do Castanheiro Tinto 2012
3 Estrelas
Volume alcoólico: 14,5%
Preço: 10/12 euros
Dominado pela Aragonez num lote onde entra também a Tinta Caiada, a Trincadeira e o inevitável Alicante Bouschet, o tinto de ataque do Zambujeiro vale pelo fulgor da sua juventude. Fruta vermelha madura de qualidade, tanino firme mas redondo, bom balanço e um final que deixa um rasto de frescura. Um tinto com irreverência e graça.
Terra do Zambujeiro Branco 2013
2 Estrelas
Volume alcoólico: 14%
Preço: 15/20 euros
Apesar de a casta Arinto dominar com 60% o lote final (a parte restante é Antão Vaz), este vinho acusa um certo desequilíbrio entre o volume de boca e a acidez. O que o torna plano, com a dimensão da fruta a impor-se em absoluto. Sobra por isso a fineza do seu aroma e a sedosidade na boca, o que é apenas uma das condições para que um branco seja atractivo e apresente a frescura que se lhe exige.
Terra do Zambujeiro Tinto 2010
4 Estrelas
Volume alcoólico: 15%
Preço: 25/30 euros
Na aparência, estamos perante um vinho simples de perceber e muito fácil de gostar. Uma prova aturada, porém, desmente a primeira premissa, embora conserve a segunda. O Terra do Zambujeiro é domínio do Aragonez, e quando a casta se cultiva em regimes de baixa produção o resultado são vinhos com boa intensidade de fruta e aromas que sugerem especiaria. Com a garra a ser concedida pela Alicante Bouschet (entram também no lote a Tinta Caiada e a Trincadeira), as condições para este vinho florescer estão garantidas. É um vinho que dá prazer beber pelo seu vigor, intensidade e complexidade.